====== O português angolano ======
~~SLIDESHOW~~
Segunda parte de [[cours:jpc:palops:presentations:geolinguistica|]]
Córdoba, 23 de maio de 2011
Jean-Pierre Chavagne
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~~ODT~~
===== Exemplos =====
isto é, o kaluanda, o camundongo gosta do seu mufetinho.\\
A mulher adora sonhar como a criança gosta de baleizão.\\
Era mentira a banga que ele fazia.\\
Ainda não compreendi essa história do teu filho e da tua nora. Bazaram p'ra Tugulândia ou quê ?\\
Ela não se importava nada de lhes dar uma berrida!\\
Se deram bué de kumbu ao Beto Barbosa é porque a maka não é dinheiro.\\
Quis esquindar de caxexe, mas não deu.\\
O surgimento do kínguila é uma flagrante violação da constituição económica angolana\\
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===== Ouvir =====
*http://youtu.be/dgVA2kAojas
*http://youtu.be/81Vr2M7_fTk
*http://youtu.be/6axnTsfhw0w
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===== Norma =====
*A norma é a de Portugal
*Todo angolano tem sotaque
*A importância da realidade
*As influências e divergências
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Oficialmente, a norma do português falado e escrito em Angola, como nos outros Palops, é a de Portugal. Existem crónicas nos ornais para denunciar os erros dos compatriotas em função da norma portuguesa.
A não ser angolanaos que tenham vivido e tenham sido escvolarizado em Portugal ou em outra parte, todo angolano tem sotaque, mais ou menos forte, mas sotaquer angolano reconhecível dos outros angolanos sobretudo.
Como a realidade angolana é diferente de qualquer outra realidade lusófona (o ecosistema), a maneira de falar desta realidade é diferente: o vocabulário, as conotações, etc.
Os falantes do português e os antepassados deles eram simultaneamente locutotres de outras línguas. Além disso, o português importado foi importado em várias épocas e nem sempre se mostrou exportável. certos sons não sobreviveram à exportação : o schwa e o [α].
===== Fonética =====
*outras soluções para o [ə] e o [α]
*vogais semi-fechadas o semi-abertas
*menor realização do oposição r / R
*confusão r/l/d
*instabilidade
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A pronúncia de "mas" varia entre mês e mas.
A bola, a cabeça, etc.
"Que" pode ser [ke] como [ki].
liamba, diamba, riamba
guera em vez de guerra, etc.
===== Fonologia =====
*Criação de novos fonemas ?
*Boa / mboa
*mbila, mbilau, mbora, mbolo, mbanza, mbunda
*Nomes próprios : Ndalatando, Mbanza Kongo, Ngunza, Ngamba, Mbinda, Nzinga, Nzau
*O vocativo [ε:]
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A prénasalização mostrou-se criativa.
Manhééé ! Manuelééééé ! (fonologia e morfologia)
===== Léxico =====
Aiué (interjeição) - a maka (a discussão) - o musseque (o bairro periférico) - o kimbo (a aldeia)
o kumbu (o dinheiro) - o monandengue (a criança) - o maximbombo (o aurocarro) - o kandando (o abraço) - o muxoxo (chio de boca) - o trumuno (o futebol) - a kitanda (a loja) - a kitandeira (a comerciante) - o kamba (o amigo) - um coche (um pouco) - kambuta (baixo) - bué (muito) o cacimbo (o « inverno ») - o kota (pessoa com certa idade) - pancar (comer) - tundar (expulsar) - bazar (partir) topiar (fazer pouco) - bumbar (trabalhar) - desbundar (fazer festa) - a bérrida (corrida) - o cubico (casa) - jingonçar (agitar-se) - desconseguir (não conseguir apesar de muitos esforços
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===== Morfologia =====
*–ééé
*monangambé
*Manhé !
*ka-
*capequeno
*cabocado
*ki-
*kivéia
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===== Sintaxe =====
*nem está brincando, nem está a brincar, > está brincar.
*em / a : vou no mercado, vai na cidade, foi na escola, chegou em casa.
*pronome : Me ajuda; Como sentiu-se ; a mulher que sorria-lhe ; não deixava-lhe
*ele acusativo: nem lembro ele.
*lhe pronome directo : comeu-lhes ; não lhe conheço.
*formas pronominais : T’alegra-se ! ; Vou-se dar uma de praia.
*forma passiva : “ O João lhe bateram na mãe dele. ”
*Queda do « -s » do plural : os tambor ; os pai ; as casa.
*fraseologia típica : (só, ainda, mbora, então, que) Me dá só um garfo ; me deixa inda ver só quanto é ; Diz só! Fal’então! ; ngarina está mbora calada, ninguém que sabia.
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Quase todas as particularidades sintáticas fazem lembrar o português caipira. Ou ainda o português uruguaio.
===== O kimbundu =====
*língua de maior interação com o português
*no tempo
*no espaço
*em vias de extinção
*bantu
===== Canção angolana =====
Mon'etu ua kasule\\
A mu tumisa ku São Tomé\\
Kexiriê ni madukumentu\\
Aiué!
Mon'etu uaririle\\
Mama uasalukile\\
Aiué!\\
A mu tumisa ku São Tomé
Mario Pinto de Andrade
[[http://www.esnips.com/doc/6dc8e94c-020b-47c4-88e5-19a50b6417ce/Muinbu-ua-Sabalo---Rui-Mingas|Ouvir por Rui Mingas]]
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Nosso filho caçula\\
Mandaram-no p'ra SãoTomé\\
Não tinha documentos\\
Aiué!
Nosso filho chorou\\
Mamã enlouqueceu\\
Aiué!\\
Mandaram-no p'ra SãoTomé
Este texto (de Mário Pinto de Andrade) é o texto em kimbuindu que conheceu a maior difusão.
===== Verbo kimbundu =====
^kuzuela^falar^
|eme ngizuela|falo|
|eie uzuela|falas|
|mwene uzuela|fala|
|etu tuzuela|falamos|
|enu nuzuela|falais|
|ene azuela|falam|
===== Classes =====
^classe^prefixe do singular^prefixe do plural^singular^plural^sentido^
|I|mu|a|mutu|atu|personne|
|II|mu|mi|mitue|mitue|tête|
|III|ki|i|kima|ima|chose|
|IV|di|ma|ditadi|matadi|pierre|
|V|u|mau|uanda|mauanda|filet|
|VI|lu|malu|lumbu|malumbu|mur|
|VII|tu|matu|tubia|matubia|feu|
|VIII|ku|maku|kudia|makudia|nourriture|
|IX|(i)|ji|mbudi|jimbudi|brebis|
|X|ka|tu|kafunga|tufunga|berger|
===== Empréstimos ao português =====
*Maculusso
*jingeleja
*dotolo
*mbolo
*pala
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José Leite de Vasconcellos tinha resumido o fenómeno do empréstimo ao português pelo kimbundu na sua « Esquisse » :
« Dans l’intérêt de la glottologie générale, j’indique ici quelques-unes des lois auxquelles obéissent les vocables portugais introduits dans le quimbundo : c- quelquefois est devenu h, ex. hâla=cal, háma=cama, héju=queijo, mais quelquefois il reste, ex. câla=cada ; au port. –ão correspond –á dans andá (pop. Antão), besá=benção, feijá=feijão ; b-, d-, g-, j- se nasalisent, ce qu’on indique dans l’écriture en plaçant un m ou n devant ces consonnes, ex. mbasá=bastão, ndó=dom, ngácu=gago, njanéna=janela, r peut devenir l, ex. rimá=limão. (…) il arrive que dans le mot machado, « hache », qui, selon les lois phonétiques, est devenu maxâlu, [ils] voient un pluriel forma à l’aide du préfixe ma-, et ils lui donnent un singulier ri-xâlu. »
Esquisse p.158-159
===== Empréstimos ao kimbundu =====
caçula, cafuné, canjica, mucama, cambada, carimbo, camundongo, marimbondo, moleque, bunda, samba, xingar, muamba, umbanda, minhoca,...
===== Le kimbundu sur la Toile =====
- Le site d’Alberto Oliveira Pinto :
http://multiculturas.com/angolanos/alberto_pinto_kimbundu_intro.htm
===== Bibliografia =====
*BONVINI, Emilio, Línguas africanas e português falado no Brasil. In: FIORIN, J.L. e PETTER, M. (orgs.) África no Brasil: a formação da língua portuguesa, São Paulo, Contexto, 2008.
*FERNANDES DE OLIVEIRA Mário António, Reler África, Coimbra, Instituto de Antropologia da Universidade de Coimbra, 1990, 554 p.
*LABAN, Michel, L'oeuvre littéraire de Luandino Vieira, Université de Paris-Sorbonne, 1979, 427 p., non publiée, Thèse de doctorat 3ème cycle dirigée par Paul Teyssier.
*LABAN, Michel, Luandino, Edições 70, Lisboa, 1980.
*LEITE DE VASCONCELLOS José, Esquisse d'une dialectologie portugaise, Lisboa, Instituto Nacional de Investigação Cientifica, 1987.
*A minha tese : http://theses.univ-lyon2.fr/documents/lyon2/2005/chavagne_jp/info1