Fiche RES Eu, professor(a) (de línguas), e a intercompreensão
Dados da publicação
Autor(es)
PINHO, Ana Sofia, SANTOS, Leonor. & OLIVEIRA, Ana Lúcia
Título
Eu, professor(a) (de línguas), e a intercompreensão
Ano de publicação
2008
Língua (de publicação)
Português
Tipo de publicação
Actas de Congressos, Colóquios
Localização (URL)
Não disponível
Conceitos ou termos chave
- currículo
- didáctica da intercompreensão
- intercompreensão
Público-alvo
- Professores de lenguas
- Investigadores
- Formadores
Contexto de produção / Número do projecto
Actas do Colóquio “Da investigação à prática: interacções e práticas” (CD-ROM, ISBN 978-927-789-253-2). Aveiro: Universidade de Aveiro, 1-16.
Data de introdução na base de dados
05.11.2009
Autor da ficha
Universidade de Aveiro (Ana Sofia Pinho)
Ficha de leitura
Objecto do estudo / enfoque das actividades
- Didáctica de línguas
- Outros (indicar)
If other, please describe
Currículo
Finalidades do estudo / Material
• Reflectir sobre o conceito de intercompreensão na construção de novos cenários didáctico-curriculares.
Marco teórico / enquadramento do material
- Didáctica de línguas
- Políticas linguísticas
Autores de referência
• Andrade & Pinho (2003)
• Alarcão (2001)
• Candelier (2005)
• Pinho (2008)
• Santos & Melo (2007)
Tipo
Trabalho Teórico
Procedimentos metodológicos
Outros procedimentos (identificar)
If other, please describe
—
Modo de trabalho
Outro
If other, please describe
—
Níveis de acção didáctica
Reflexão
Línguas-alvo / estudadas
Português
Resumo do artigo ou do material
Enquadramento teórico
As autoras procuram «reflectir mais aprofundadamente sobre o conceito de intercompreensão em contexto escolar, procurando deixar alguns indícios de boas abertas a um trabalho didáctico preocupado com a formação de sujeitos mais preparados para participarem em encontros plurilingues e interculturais» (p.190).
- Numa sociedade local e global, considerada como uma “babilónia linguística” (Alarcão, 2001: 54) é inevitável pensar na comunicação e nas relações interpessoais dentro da linguagem;
- A «valorização e salvaguarda da diversidade linguística e cultural mostra-se particularmente determinante num tempo-espaço em se intensificam as relações humanas e as trocas comerciais, reforçadas por possibilidades tecnológicas e dinâmicas de mobilidade social, bem como por compromissos políticos que visam, entre outros aspectos, a construção de uma identidade europeia, da coesão social e da cidadania democrática» (p. 188);
- Importância de se dotar os sujeitos de uma “arte do diálogo” (Gadamer, 1995: 165), para que possam «construir relações comunicativas não só do ponto de vista funcional (dar e receber informações), mas sobretudo numa dimensão mais inter-pessoal ou humana (cf. Morin, 1999/2002)» (p. 1); esta arte do diálogo é fundamental para a construção da intercompreensão e exige aos sujeitos outros « saberes, saber-fazer, saber-ser, e savoir s’engager na construção de um “parler-ensemble” linguisticamente plural (Byram, 1997; Melo, 2006; Santos, 2007)» (p. 188);
- «a intercompreensão, enquanto fundamento do agir humano (Melo, 2006: 15) ou mecanismo coordenador da acção (Habermas, 1986: 149), tem vindo a ser assumida, no contexto didáctico e investigativo, como um conceito que poderá reconfigurar desenhos e práticas curriculares em línguas, tornando-os mais sensíveis ao pluralismo intercultural e linguístico que constitui, também, os sujeitos-alunos» (p. 189);
- o repto da educação para a intercompreensão traz novos desafios ao professores de línguas e à gestão do currículo em línguas, com «implicações político-sociais do trabalho pedagógico, a exigirem situações de aprendizagem também elas mais complexas e diversificadas» (p.190);
- o potencial didáctico-educativo da IC assenta no seu carácter heurístico e no facto de ser entendido como meta-conceito didáctico (Puren, 1997: 113) que reagrupa outros (por exemplo, plurilinguismo, competência plurilingue, competência intercultural) e, portanto, um conceito holístico e aglutinador (Pinho, 2008: 538-539), possibilitador de práticas de sala de aula diversificadas (p.191);
- a IC um é entendido como «conceito capaz de articular diferentes dimensões da educação linguística, abrindo espaços e multiplicando cenários de intervenção do professor, em particular, no âmbito de um currículo linguístico interdisciplinar» (Andrade & Pinho, 2003; Alarcão, 2001) (p.191).
- «Pinho (2008) considera a intercompreensão um conceito que permite ao professor de línguas organizar a sua acção profissional em função do tríptico sujeito-escola-sociedade, concorrendo, assim, para a formação pessoal, crítico-social e linguístico-comunicativa dos alunos» (p.191);
- A IC relaciona-se, como referem Melo & Santos (no prelo), com (i) «o domínio do multi-plurilinguismo (e, consequentemente, do intercultural)»; (ii) a «consciencialização, pelos sujeitos, dos conhecimentos prévios que possuem e das estratégias que lhes permitem rentabilizá-los em situação de comunicação, nomeadamente através de processos de transferência»; (iii) «uma dimensão pedagógica do conceito de intercompreensão, declinado na possibilidade de desenvolvimento e actualização de competências de tipo “meta” (linguística, discursiva, comunicativa, cognitiva, etc.) e também da competência de aprendizagem, numa perspectiva de autonomia e desenvolvimento ao longo da vida, pela rentabilização dos contactos que o sujeito vai estabelecendo, em diferentes momentos, com diferentes línguas e culturas» (p.192);
- a IC o plurilinguismo exigem meios e métodos que abram espaço a outras línguas e culturas em contexto escolar, destacando-se as abordagens plurais (Candelier, 2005) (p.192);
São dados dois exemplos de projectos que procuraram trabalhar a IC integrado no currículo escolar:
(i) “A expansão de Roma: o papel de Júlio César”: intervindo na aula de Latim (11.º ano);
(ii) “Space Exploration”: intervindo na aula de Inglês (10.º ano).
«Estas intervenções didácticas tinham como objectivo agir a diferentes níveis da competência plurilingue, a saber a dimensão sócio-afectiva, a dimensão dos repertórios linguístico-comunicativos, a dimensão dos repertórios de aprendizagem e a dimensão da gestão da interacção (cf. Andrade & Araújo e Sá e tal., 2003). Na generalidade, pretendia-se que os alunos:
- desenvolvessem o interesse e a curiosidade em relação às línguas e às culturas;
- desenvolvessem a vontade de compreender dados verbais em diversas línguas (materna e estrangeira);
- identificassem semelhanças e diferenças entre línguas a diversos níveis (lexical, semântico, sintáctico, …);
- explorassem os seus repertórios linguístico-comunicativos e de aprendizagem quando em contacto com novos dados verbais;
- se consciencializassem das potencialidades da exploração desses repertórios tanto em situações de aprendizagem como comunicativas;
- desenvolvessem a sua flexibilidade linguística, comunicativa e cognitiva, através da criação de hábitos de reflexão sistemática sobre as línguas.» (p. 193).