Fiche RES Formar futuros professores para viver, amar e conhecer as línguas: as potencialidades da intercompreensão.

Dados da publicação

Autor(es)

PINHO, Ana Sofia & ANDRADE, Ana Isabel

Título

Formar futuros professores para viver, amar e conhecer as línguas: as potencialidades da intercompreensão.

Ano de publicação

2007

Língua (de publicação)

Português

Tipo de publicação

Actas de Congressos, Colóquios

Localização (URL)

URL

URL

Conceitos ou termos chave

  • conhecimento profissional
  • didáctica da intercompreensão
  • didáctica do plurilinguismo
  • identidade
  • imagens
  • intercompreensão

Público-alvo

  • Professores de lenguas
  • Investigadores
  • Formadores

Contexto de produção / Número do projecto

F. Capucho, A. Martins, C. Degache & M. Tost (org.).Diálogos em Intercompreensão: actas do Colóquio. Lisboa: Universidade Católica Editora, 239-250

Data de introdução na base de dados

05.11.2009

Autor da ficha

Universidade de Aveiro (Ana Sofia Pinho)

Ficha de leitura

Objecto do estudo / enfoque das actividades

  • Representações
  • Sujeito em formação
  • Outros (indicar)

If other, please describe

Conhecimento profissional; intercompreensão

Finalidades do estudo / Material

• Descrever as potencialidades formativas do conceito de IC ao nível das imagens das línguas como objecto de ensino/aprendizagem, do conhecimento didáctico e da identidade profissional.

• Identificar transições no processo de construção desses fenómenos.

Marco teórico / enquadramento do material

  • Didáctica de línguas
  • Políticas linguísticas

Autores de referência

• Andrade & Moreira et al. (2002);

• Araújo e Sá (2003)

• Andrade & Pinho (2003);

• Beacco & Byram (2003).

Tipo

Metodologia Qualitativa

Procedimentos metodológicos

  • Questionários
  • Entrevistas
  • Outros procedimentos (identificar)

If other, please describe

Cadernos de Reflexões; Relatórios Individuais

Modo de trabalho

Individual

Níveis de acção didáctica

Reflexão

Línguas-alvo / estudadas

Português

Resumo do artigo ou do material

 Enquadramento teórico

- Na formação de professores de línguas, a IC «a noção de intercompreensão tem sido valorizada pelo seu potencial formativo, pelas possibilidades que oferece ao desenvolvimento: (i) da sensibilidade educativa dos futuros professores para com o mundo das línguas e das culturas, no sentido de as integrarem curricularmente numa dimensão educativa mais geral, a acção social de educar (Alarcão, 2002); (ii) de uma criatividade curricular e didáctica permeável ao desenvolvimento de processos de intercompreensão no desenvolvimento da competência plurilingue dos alunos (Andrade & Moreira, 2002; Beacco & Byram, 2003). Mais, entenda-se a temática da intercompreensão como “motor” de reconstrução do imaginário linguístico, profissional e identitário por parte dos futuros professores de línguas (Pinho, em curso).» (p.239);

- «um professor de línguas capaz de desenvolver práticas didácticas de intercompreensão terá, ele também, de ser formado na intercompreensão (Araújo e Sá, 2003: 84), ou seja, de construir conhecimento sobre si próprio (i) como falante na relação com as línguas e consigo próprio como professor “capable de faire une gestion flexible du curriculum (Roldão, 2000) où les langues et les cultures seront toutes valorisées en transformant la classe en espace de rencontre interculturelle, au service de la construction d’une vision positive de la diversité” (Andrade & Pinho, 2003: 174). Terá, sobretudo, que construir conhecimento declarativo, processual e contextual (Alarcão, 1992/2006) sobre o próprio conceito de intercompreensão, sobre os conhecimentos, os processos e as estratégias que lhe estão associados (Santos, 2007), esperando-se que seja um conhecimento “transformador não só do sujeito que o percorre mas também da praxis educativa” (Araújo e Sá, 2003: 84).» (p.239).

 Resultados

A IC mostra potencialidades formativas no contexto da formação inicial de professores de línguas, podendo ser um caminho para viver, amar e conhecer as línguas (Torres, 1999). Estas potencialidades verificam-se ao nível:

(i) da (re)construção da imagem curricular da língua

- inicialmente, os futuros professores de línguas evidenciam «uma imagem “gramatical” da língua, uma imagem muito escolarizada e circunscrita, sinónimo de uma visão monolítica da mesma. A língua é entendida como um sistema linguístico, como um produto, um sistema fixo de estruturas formais a transmitir, muito assente no desenvolvimento da competência linguística.» (p.242);

- «a entrada na universidade e o percurso pelas disciplinas da especialidade leva a uma transição do enfoque na forma para um enfoque na função da língua, ou seja, uma preocupação agora mais virada para a comunicação, para o desenvolvimento de competências conversacionais e interactivas às quais as professoras em formação vêm associar uma dimensão cultural que procuram passar a valorizar.» (p.243);

- «a dimensão cultural –, não deixa de significar uma forte aproximação ao falante nativo, por isso uma imagem muito colada à ideia de norma e correcção. Além disso, esta dimensão cultural torna-se importante no sentido em que é imprescindível para o desenvolvimento da capacidade de comunicar bem e adequadamente» (p.243);

- esta imagem da língua é abalada pelo discurso do plurilinguismo e da intercompreensão;

- evidenciam a «construção de uma consciência e de um pensamento plurilingue, o que vem indicar a permeabilidade da imagem da língua como objecto curricular destas futuras professoras. Face à intercompreensão e às temáticas que lhe foram sendo associadas ao longo dos espaços de formação, as futuras professoras revelam uma vontade e abertura a uma concepção mais plurilingue e intercultural da língua, portanto mais heterónima. Esta disponibilidade decorrerá, nomeadamente, da compreensão do estatuto subjectivo da língua (Dabène, 1994), passando a compreendê-la como um espaço potencial de construção e expressão do eu, de conhecimento do sujeito sobre si próprio, os outros e o mundo. A língua começa a ser perspectivada como um espaço de questionamento e de relativização cultural, um factor de socialização e de valorização pessoal. Estes aspectos serão motivados pela dimensão do Outro e pelo início de uma sensibilidade intercultural que passa por uma visão mais humanista da comunicação» (p.244);

- «A sala de aula começa a ser perspectivada como um espaço de construção de uma “cultura do mundo” e de um “aprender a ser”, um espaço de construção de um mundo melhor. Neste sentido, a intercompreensão, sinónima de entendimento, é perspectivada a um nível macro, enquanto objectivo político, social e cultural, prendendo-se com a dimensão ética e social do ensino das línguas (Alarcão, 2002; Andrade & Pinho, 2003; Santos, 2007).» (p.244);

- «a ideia de repertório vem abrir-lhes caminho para a valorização do conhecimento prévio dos alunos» (p.245);

- os futuros professores valorizam a noção de transferência e parecem perceber a importância de se focalizarem «mais nos processos de aprendizagem, a olhar para o “erro” e sua gestão em sala de aula de outro modo, embora a ideia do “produto” ainda permaneça muito forte» (p.245); valorizam ainda a LM, percebendo a sua centralidade no repertório plurilingue, nos processos de aprendizagem e de acesso ao sentido de novos dados verbais;

- passam a relativizar o estatuto da língua inglesa enquanto lingua franca.

(ii) o conhecimento de si como professor na relação com as línguas e as aprendizagens

- «A aprendizagem sobre este conceito parece ter proporcionado, sobretudo (mas não só), um espaço de reflexão e consciencialização para a acção em torno das questões do plurilinguismo, um processo de construção de conhecimento que terá levado as próprias futuras professora a reconhecer o valor educativo da Intercompreensão. Um valor educativo/formativo que, como refere AL» (p.247);

- a temática da IC parece ter contribuído para «um maior auto-conhecimento do sujeito falante/aprendente (onde as professoras em formação também se incluem), por exemplo, sobre o seu perfil de comunicador/professor, as estratégias que mobiliza, as competências que possui, mas também sobre o que ainda precisa de aprender. As professoras em formação consideram que este conhecimento sobre si é importante no sentido em que a construção de conhecimento sobre a intercompreensão é um percurso pessoal, único e particular a cada indivíduo» (p.247)