Panorama dos biocombustíveis no Brasil

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Introdução:

O sistema capitalista mundial tem como matriz energética o petróleo, um combustível não renovável. Alguns estudos afirmam que ele não será capaz de suprir a demanda mundial dentro de 40 anos. Diante desta constatação, a sociedade está em busca de novas fontes de energia que sejam baratas, renováveis e menos poluentes, uma vez que o mundo sofre as conseqüências do aquecimento global causado pela emissão de Dióxido de Carbono (CO2) na atmosfera.

O debate sobre o uso de biocombustíveis está cada vez mais em voga. Entre as principais vantagens do biocombustiveis, está o fato de poluir menos que o diesel fóssil, que tem em sua composição óxido de enxofre. O biocombustivel, também, é uma fonte de energia renovável por que pode ser cultivada e a sua produção ajuda a diminuir os efeitos da emissão de CO2, uma vez que o seqüestro de carbono feito na plantação da leguminosa retira o gás carbônico produzido na queima do biocombustivel e outros combustíveis fósseis

Mais o que são os Biocombustíveis? Os Biocombustíveis ou agrocombustíveis são fontes de energia renováveis, derivados de produtos agrícolas como a cana-de-açúcar, plantas oleaginosas, biomassa e ácidos graxos de origem animal.

Os biocombustíveis podem ser usados em veículos (carros, caminhões, tratores) integralmente ou misturados com combustíveis fósseis. No Brasil, por exemplo, o diesel é misturado com biocombustível. Na gasolina também é adicionado o etanol. O Brasil é hoje uns dos principais produtores mundiais de ethanol, depois dos EUA.

A vantagem do uso dos biocombustíveis é a redução significativa da emissão de gases poluentes. Também é vantajoso, pois é uma fonte de energia renovável ao contrário dos combustíveis fósseis (óleo diesel, gasolina querosene, carvão mineral).

Por outro lado, a produção de biocombustíveis tem diminuído a produção de alimentos no mundo. Buscando lucros maiores, muitos agricultores preferem produzir milho, soja, canola e cana-de-açúcar para transformar em biocombustível.

Os principais biocombustíveis são: etanol (produzido a partir da cana-de-açúcar e milho), biogás (produzido a partir da biomassa), bioetanol, bioéter, biodiesel, entre outros.

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I- Tipos de Biocumbutivel

II- Mercado dos Biocombustiveis no Brasil

Fonte: http://www.biodieselbr.com/biodiesel/brasil/biodiesel-brasil.htm

“O país tem em sua geografia grandes vantagens agrônomas, por se situar em uma região tropical, com altas taxas de luminosidade e temperaturas médias anuais. Associada a disponibilidade hídrica e regularidade de chuvas, torna-se o país com maior potencial para produção de energia renovável.

O Brasil explora menos de um terço de sua área agricultável, o que constitui a maior fronteira para expansão agrícola do mundo. O potencial é de cerca de 150 milhões de hectares, sendo 90 milhões referentes à novas fronteiras, e outros 60 referentes a terras de pastagens que podem ser convertidas em exploração agrícola a curto prazo. O Programa Biodiesel visa a utilização apenas de terras inadequadas para o plantio de gêneros alimentícios.

Há também a grande diversidade de opções para produção de biodiesel, tais como a palma e o babaçu no norte, a soja, o girassol e o amendoim nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, e a mamona, que além de ser a melhor opção do semi-árido nordestino, apresenta-se também como alternativa às demais regiões do país.

A sinergia entre o complexo oleaginoso e o setor de álcool combustível traz a necessidade do aumento na produção de álcool. A produção de biodiesel consome álcool etílico, através da transesterificação por rota etílica, o que gera incremento da demanda pelo produto. Consequentemente, o projeto de biodiesel estimula também o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro, gerando novos investimentos, emprego e renda.

A ANP estima que a atual produção brasileira de biodiesel seja da ordem de 176 milhões de litros anuais.

O atual nível de produção constitui um grande desafio para o cumprimento das metas estabelecidas no âmbito do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, que necessitará de, aproximadamente, 750 ML em sua fase inicial. Ou seja, a capacidade produtiva atual supre somente 17% da demanda, considerando a mistura B2. Porém, com a aprovação das usinas cuja solicitação tramita na ANP, a capacidade de produção coincide com a demanda prevista para 2006. Esta capacidade terá que ser triplicada até 2012, com a necessidade de adição de 5% de biodiesel ao petrodiesel.

A fim de conferir uma dimensão à perspectiva de expansão da produção de biodiesel no Brasil, foram efetuadas projeções para o período 2005 – 2035. Foram considerados os seguintes parâmetros básicos para efetuar a projeção: a. Taxa geométrica de crescimento do consumo de óleo diesel ou sucedâneos de 3,5% a.a.; b. Mistura de biodiesel ao óleo diesel iniciando em 2% e finalizando em 40%; c. Produtividade de óleo iniciando em 600 kg/ha e finalizando em 5.000 kg.ha-1; d. Considerou-se grande usina aquela que processa acima de 100 kt.ano-1; e. Parcela da produção alocada a grandes usinas de 80 %; f. Craqueadores instalados em pequenas comunidades ou propriedades rurais atingindo 100.000 no final do período, com produção média de 250 L.dia-1;

A Figura 01 mostra que o Brasil poderá produzir, apenas para o mercado interno, um volume aproximado de 50 GL, sendo a maior parcela produzida por transesterificação (80%) e o restante por craqueamento. A produção por transesterificação atenderá o grande mercado atacadista, direcionado à mistura com petrodiesel, o abastecimento de frotistas ou de consumidores interessados em aumentar a proporção de biodiesel no petrodiesel.

Estima-se que a produção de biodiesel para os mercados externos e internos, no final do período, será equivalente (Figura 02). Entretanto, nos primeiros 10 anos, o mercado interno absorverá a totalidade da produção. No conjunto do mercado interno e externo, a rota de transesterificação etanólica responderá por 90% do total do biodiesel produzido. Nesse cenário, no final do período, haverá uma demanda de 6 GL de etanol e uma produção 4Mt de glicerol, evidenciando o potencial de integração de cadeias com a produção de biodiesel.”

III- Biocombustíveis: uma solução ou um novo problema?

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Nos últimos anos,tem-se criado a ideia de que os Biocombustíveis são os “salvadores” da dependência mundial dos combustíveis fosseis, a maioria dos governos Mundiais está a procurar aumentar o consumo de biocombustíveis para substituir os tradicionais combustíveis, talvez queiram “disfarçar” as consequências actuais do Pico do Petróleo.Será que os combustíveis fosseis serão uma solução ou um problema?

Além de poder gerar uma grande economia, dada a instabilidade dos preços dos combustíveis, é uma arma contra a poluição pelo fato de poder utilizar combustíveis renováveis e menos danosos ao meio-ambiente.Além de permitirem reduzir a dependência energética em relação aos combustíveis fósseis, os biocombustíveis são produzidos a partir de plantas que absorvem CO2 e permitem a produção de combustíveis que não emitem gases com efeito de estufa, os principais responsáveis pelo aquecimento global. Esta característica dos biocombustíveis fez com que, em Março de 2007, o Brasil adoptasse um objectivo vinculativo de utilização de, pelo menos, 10% de biocombustíveis, nos combustíveis utilizados no sector dos transportes, até 2020.

Apesar das vantagens apontadas, a utilização de biocombustíveis é um tema controverso. Em primeiro lugar, porque a produção de biocombustíveis consome muita energia e baseia-se em culturas intensivas, que produzem um gás com efeito de estufa, o óxido de azoto, que também tem efeitos no aquecimento global. Além disso, muitas das terras utilizadas para o cultivo das plantas eram anteriormente regiões com grande capacidade de absorção de CO2, como é o caso das florestas tropicais. Para ter uma ideia da extensão e do impacto dos efeitos perversos dos biocombustíveis, basta analisar a desflorestação da América Central e da Ásia, assim que o cultivo extensivo no Brasil. Outras desvantagens apontadas dizem respeito à poluição provocada pelas culturas intensivas, ao elevado consumo de água e à perda da diversidade biológica e dos habitats alimentares. Existe ainda o receio de que a utilização das culturas para produção de biocombustíveis venha a provocar a falta e o consequente aumento do preço dos produtos agro-alimentares.

Como garantir que o cultivo das terras para produção de biocombustíveis não terá efeitos nefastos para o meio ambiente? “tudo depende de uma boa cultura, de um bom local e do volume de produção”. Apesar dos efeitos nefastos apontados relativamente aos biocombustíveis, Dorette Corbey considera que “ainda há esperança em relação aos biocombustíveis, mas é necessário distinguir entre os que são positivos e os que são negativos ”.

Fontes: