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Ouvir e falar
Lembrar-se do atelier Como não ficar calado depois de ouvir uma canção
Trem das onze
(Adoniran Barbosa)
Quas, quas, quas, quas, quas, quas
Faz caringundum
Faz caringundum
Faz caringundum
Quas, quas, quas, quas, quas, quas
Faz caringundum
Faz caringundum
Faz caringundum
Não posso ficar
Nem mais um minuto com você
Sinto muito, amor
Mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã
E além disso, mulher
Tem outras coisas
Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar
Sou filho único
Tenho minha casa pra olhar
Eu não posso ficar
Não posso ficar
Nem mais um minuto com você
Sinto muito, amor
Mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã
E além disso, mulher
Tem outras coisas
Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar
Sou filho único
Tenho minha casa pra olhar
Sou filho único
Tenho minha casa pra olhar
Quas, quas, quas, quas, quas, quas
Faz caringundum
Faz caringundum
Faz caringundum
Quas, quas, quas, quas, quas, quas
Faz caringundum
Faz caringundum
Faz caringundum
Os vampiros
José Afonso
No céu cinzento Sob o astro mudo Batendo as asas Pela noite calada Vem em bandos Com pés veludo Chupar o sangue Fresco da manada Se alguém se engana Com seu ar sisudo E lhes franqueia As portas à chegada Eles comem tudo Eles comem tudo Eles comem tudo E não deixam nada A toda a parte Chegam os vampiros Poisam nos prédios Poisam nas calçadas Trazem no ventre Despojos antigos Mas nada os prende Às vidas acabadas | São os mordomos Do universo todo Senhores à força Mandadores sem lei Enchem as tulhas Bebem vinho novo Dançam a ronda No pinhal do rei Eles comem tudo Eles comem tudo Eles comem tudo E não deixam nada No chão do medo Tombam os vencidos Ouvem-se os gritos Na noite abafada Jazem nos fossos Vítimas dum credo E não se esgota O sangue da manada Se alguém se engana Com seu ar sisudo E lhes franqueia As portas à chegada Eles comem tudo Eles comem tudo Eles comem tudo E não deixam nada |