As religiões nos Palops

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Os artigos foram redigidos em português de Portugal ou em português do Brasil conforme a norma do redactor.

Editorial

Angola, Moçambique, Guiné-bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, são os paises que conformam os PALOPS, (Paises africanos da língua oficial portuguesa).

O estudantes do terceiro ano, Lyon 2, tem desenvolvido diferentes tópicos, referente às religiões dos PALOPS. Estes artigos tem referentes históricos, sociais e culturais.

A historia da religião é tão antiga como a historia do próprio homem, além da sua antiguidade, há também grande variedade na religião, tem várias caras, cores, coreografias e estilos. O tipo da religião varia dependendo do grupo etnico, crenças de um povo. Há várias formas da religião, porém há características comuns, como de tipo cronológico, pois as formas religiosas predominantes evoluem através dos tempos nos sucessivos estágios culturais de qualquer sociedade. Ela também depende da sua solidez de princípios e sua profundidade filosófica.

Falar da religião é um tema muito complexo. Os estudantes conjuntamente com o Professor decidiram adentrar este tema tão polémico que continua gerando diferentes questionamentos.

Os artigos apresentados não questionam nenhuma religião praticada na Africa, eles foram feitos com caráter informativo.

1. Os movimentos petencostais e/ou neopetencostais na África (Norma)

“a fé evangélica x rituais africanos”, ou ainda: “atuação e proliferação de igrejas evangélicas na África”

O movimento pentecostal brasileiro surge em 1910 com a instalação das igrejas protestantes “Congregação Cristã do Brasil” e “Assembléia de Deus” trazidas por missionários estrangeiros. A título de esclarecimento, petencoste refere-se ao dia em que os apóstolos foram batizados com o Espírito Santo e todos começaram a falar em línguas estranhas conforme os dois primeiros capítulos do livro de Atos da Bíblia Sagrada.

Nos anos 50, o pentecostalismo tradicional começa a transformar-se através de movimentos de cura divina e expulsão de demônios acarretando a divisão das igrejas protestantes e o surgimento de várias outras denominações. Este processo deu lugar a um vertiginoso crescimento e expansão de igrejas protestantes evangélicas petencontais que coincidem com o fim da ditadura militar no Brasil(1964-1985).

Nesse período(década de 70) surgem os movimentos neopentecostais trazendo em seu bojo uma nova mensagem. Os neopetencostalistas pregam o evangelho do enriquecimento ou seja, “a teoria da prosperidade” ou “efeito multiplicador” termos utilizados por Ari Pedro Oro em o livro “O Avanço Pentecostal e a Reação Católica”. Essa doutrina opera sobretudo no campo da emotividade com promessas de sucesso financeiro, curas miraculosas e realização pessoal para os “fiéis”. Determinadas igrejas neopentecostais mais parecem palcos de teatros cuja encenação dos pastores atores conseguem levar o público a uma verdadeira histeria coletiva.

Este fenômeno expande-se por todo lado principalmente na África onde encontra terreno fértil e propício para a proliferação dessas igrejas “da cura” haja visto as condições históricas e político-econômicas dos países africanos sobretudo os de fala portuguesa. Outro aspecto favorável para a implantação de igrejas neopetencostais é o aspecto cultural e religioso dos africanos que acreditam naturalmente em divindades e entidades espirituais, adotam facilmente em seus rituais práticas como transe, hipnose e coreografias extravagantes.

Para concluir, podemos afirmar que o fenômeno tem uma dimensão de ordem psicológica, social e mesmo religiosa já que essas práticas têm muito a ver com as raízes populares e neste ambiente se encontra um senso de grupo e comunidade muito fortes, onde os fiéis acham apoio, “proteção”, e segurança normalmente prometido pela religião protestante.

2. Religião tradicional nos Palops: O Animismo (Honorine)

Apesar da expansão e da influência cada vez mais importante das grandes religiões monoteístas como o cristianismo e o Islão no continente africano, notamos que a população africana, sobretudo nos Palops, ainda hoje permanece fiel à certas religiões tradicionais como o Animismo. Com efeito, 53% da população angolana, 65% dos africanos da Guiné-Bissau assim que 65% da população moçambicana pratica a religião animista. Mesmo se muitos dos africanos aderem à religião cristã ou islâmica, a religião tradicional ainda conserva uma potência importante no continente africano.

I) As principais características da religião animista

a) Religião tradicional

O Animismo é uma religião tradicional. Não existe textos escritos ou livros sagrados comparável com a Bíblia ou o Corão. A religião é vista como uma herança que se transmite de geração em geração pela via oral sob diversas formas. Como não havia traços escritos, a transmissão das bases das crenças da religião para os outros membros da comunidade se baseia unicamente na narração e na memorização, através de histórias, contos, provérbios, ritos… Todas as actividades e os aspectos da vida dos membros da comunidade dependem da religião porque ela vai influenciar o comportamento dos homens, establecer regras de vidas, definir valores morais e espirituais para que cada indivíduo possa viver em harmonia com os outros.

b) Preocupação de viver em harmonia

A religião animista considera que todas as coisas vivas ou não, possuem uma alma ou um espírito (espírito dos antepassados). Os animistas têm a ideia que Deus criou cada elemento do universo( as perdas, os rios..) da mesma maneira que ele criou o homem; ou seja com um corpo e uma alma. Os seres humanos não são os únicos que possuem uma alma mas também os elementos naturais como os rios, as árvores, as montanhas etc.. Com essa visão do mundo, considerando que tudo é vida, os homens vão ter um grande respeito para a natureza e vão viver em perfeita harmonia com o mundo que os rodeia. Nessas comunidades não existem sentimento de superioridade ou desejo de dominação sobre os outros : os homens, os animais, os objectos, a natureza são considerados como iguais.

c) Crença no mundo visível e invisível

A religião Animista baseia-se na crença em dois mundos: o mundo visível que corresponde ao mundo físico, onde vivem os homens e o mundo invisível : espiritual onde se encontram o Deus da Criação, as divindades e os espíritos. Entre os dois mundos não há fronteira.Os animistas pensam que os espíritos são presentes no mundo físico. Os praticantes podem também projectar-se no mundo espiritual através das ceremónias religiosas, das danças que permitem aos homens de entrar em contacto com os espíritos ou com as divindades. Os animistas tem consciência que os espíritos estão sempre presente na vida quotidiana, e têm que satisfazê-los e honrar Deus, fazendo oferendas mas sobretudo respeitando a justiça e o equilíbrio da vida. Se os homens perturbam o equilíbrio da vida isso pode irritar os espíritos e por tanto têm que praticar ritos para não provocar a sua vingança (aparecimento da seca, de epidemias etc.).

II) O conceito do universo Animista

a) O Deus da Criação

Podemos representar a religião Animista como uma pirâmide hierárquica de potência. Na ponta, temos o Deus da Criação também chamado o Ser Extremo. Os animistas crêem num Deus único que criou o universo, a terra, os homens, os animais, de modo geral tudo o que podemos encontrar no mundo. O Deus da Criação é a fonte, a origem da vida mas ele é também aquele que assegura a ordem no mundo. Não participa a vida activa da população, não se preocupa dos homens porque depois da criação do mundo ele se afasta e se cortou do mundo terrestre então intervem raramente nos problemas da humanidade.

b) As divindades secundárias

Abaixo do Ser Supremo existem varias potências que têm a carga de substituir Deus para intervir no mundo quando a estabilidade está ameaçada.. As divindades secundárias foram criados pelo Deus e são sujeito de Deus. Elas são divididas em dois categorias : há aquelas que podemos associar aos elementos da natureza, são os espíritos que animam os objectos, os animais e temos aquelas que se tornaram espírito após da morte. Eles têm como papel fundamental de manter um vínculo entre Deus e os seres humanos.

c) Os homens

Na base da pirâmide, encontramos os homens que são também sujeitos do Ser Supremo. As suas principais preocupações é respeitar todos os elementos que esta presente na terra assim que organizar festas, cerimónias em honra do Deus da Criação para agradecer-lhe da sua benevolência e da sua indulgência. Os africanos animistas pensam que há uma distinção entre o corpo e a alma no homem. A alma é visto como imortal e ela é prisioneira no corpo humano que é considerado como efémero. Contudo, é possível para a alma de evadir-se do corpo provisoriamente durante o sono e deixa definitivamente o corpo só depois da morte para tornar-se espírito.

III) As práticas religiosas

a) Os rituais das diferentes etapas da vida

Na religião Animista os rituais fazem parte integrante da vida dos homens. Existem varios rituais que vão marcar as diferentes etapas da vida do homem, como o rito do nascimento que consiste em dar um nome, acolher e integrar o recém nascido na comunidade. Após, há o rito de iniciação que se efectua durante a adolescência e que vai permitir ao jovem de tornar-se adulto. Ele vai ser afastado da comunidade para receber algumas instruções, aprender as valores, a historia do povo.. Durante esse rito de passagem o jovem tem que provar a sua força e a sua coragem. O último rito, é o rito fúnebre para acompanhar o morto até mundo dos antepassados.

b) Os rituais associados a vida comunitária

A sociedade animista necessita da ordem para sobreviver. As doenças de um indivíduo, físico ou bem mental é visto como uma ruptura do equilíbrio da vida. Então praticam-se ritos de cura. Se a doença é conhecida e não contagiosa, o doente pede conselho aos membros do seu clã que vai cuidá-lo com plantas ou remédios, mas se a doença se revela ser um perigo para os outros o ele tem que fazer oferendas ou realizar sacrifícios antes de começar um tratamento. A pratica de sacrifícios e as oferendas eram realizados sobretudo para reparar as faltas cometidas pelos homens e assim acalmar os espíritos ofendidos porque tinham numerosas proibições que não deviam transgredir. Os animistas praticam também ritos de protecções antes de começar os trabalhos agrícolas para que Deus protege o seu trabalho e assegura uma boa colheita.

Pouco a pouco, as tradições africanas desaparecem devido à influência das religiões Cristã e Islâmica mas muitas das crenças Animista integram-se nessas religiões como o conceito do universo, a pirâmide hierárquica das potências divinas ( Deus-santos-homens), a criação do mundo.. Nos Palops, àqueles que permanecem fiéis as religiões tradicionais são os pais, de modo geral os filhos são convertidos à religião Cristão ou ao Islão.

Na religião Animista, presente nos Palops, os ritos enfatizam um grande papel na vida quotidiana da comunidade. As cerimónias rituais fazem-se através da palavra, dos actos mas também através das danças e das musicas que facilitam o contacto dos homens com os espíritos…

Bibliografia

3-Música e religião (Carina)

A religião é um conjunto de actos rituais destinados a pôr em contacto a alma humana com um Ser Supremo, Deus, ou com Seres Supremos nas religiões politeístas. Estes rituais são diferentes em função das religiões, podemos então interessar-nos nos ritos das religiões africanas, isto através do tema da música, dos instrumentos e das danças.

O Candomblé constitui um síntese cultural do mundo mitológico do Oeste Africano. Os seus rituais foram levados para o Brasil pelos escravos. A música sendo o ponto central do desenrolamento dos rituais das cerimónias no Candomblé, parece importante interressar-nos nos cantos, nas danças e nos ritmos do Candomblé. As cerimónias são constituídas por uma grande variedade de cantos acompanhados pelo som dos tambores e dum sino metálico. A música faz parte integrante desta religião e permite, segundo os praticantes do Candomblé, estabelecer ligações entre os humanos e as divindades. Como já foi mencionado, a música está no centro dos rituais, põe em acção as representações simbólicas, espirituais e religiosas de toda a comunidade. Os cantos, os ritmos e as danças criam um “teatro sagrado” que permite o desenvolvimento das diferentes fases da cerimónia. O canto é dividido um solista e um coro. Os cantos da “nação” Angola são acompanhados por três toques chamados cabula, congo e barravento. Os tambores são geralmente chamados ngoma ou atabaques. A altura dos tambores varia entre 60 e 120 centímetros. A parte superior é coberta por pele de cabritos sacrificados em honra das divindades. O ritmo é dado pelo sino metálico, ou agogô. A cerimónia desenrola-se no barracão, peça principal do terreiro. Os cantos e as danças fazem parte da cerimónia do Candomblé desde o começo. Servem para chamar as divindades. Esta parte é chamada xirê. Tem a função de honrar cada divindade e chamá-las para se manifestarm no barracão. Os “angoleiros”1 fazem isto com cantos, dirigidos pela mãe do santo e com danças, dirigidas pelo pai do santo. O xirê acabado, o ogã2 começa a cantiga de fundamento ou chamada de santo, cuja função é conduzir à transe. Este canto é acompanhado pelo adjá, instrumento importante na cerimónia. Depois dum intervalo, as representações das divindades dançam entre os homens. Neste momento, os músicos que tocam tambor actuam particularmente. O toque tem muita importância, como diz Gisèle Cossard: « La communication s’établit directement du tambour qui vibre à la divinité qui danse, du rythme au mouvement »3. O “encerramento da festa” faz-se em honra de Lemba, pai ancestral de todas as divindades. A mãe do santo canta então para ele. A tradição do Candomblé de Angola apresenta uma grande variedade musical inexplorada até agora. O Candomblé de Angola distingue-se pela sua língua (kikongo ou kimbundu), pelos seus cantos e pelos seus ritmos.

Para entender mais particularmente a função dos instrumentos, podemos-nos interessar no rito de circuncisão através definições encontradas no Dicionário de Regionalismos Angolanos. Os instrumentos utilizados durante as cerimónias têm muita importância. Têm a função de animar os iniciados, fazem parte integrante do ritual. O Bendo, por exemplo, é um instrumento de caniço, composto de duas peças justapostas, atadas uma à outra nas duas pontas. O Bendo é utilizado nos rituais de circuncisão. Os “pacientes” são animados por essa música e o ritual começa com este som. Este acto religioso dura durante vários dias. No último dia, durante o tradicional desfile na senzala, os recém circuncidados marcham ao toque dos instrumentos do antigos circuncidados. A dança também aparece neste rito. O Cangânji aparece durante a cerimónia com fatos de malha, folha no pescoço e fibras nos pulsos e nos tornozelos. Os instrumentos acompanham todo o desenvolvimento da cerimónia.

O canto sempre esteve presente na África em todas as circunstâncias da vida: nascimentos, lutos, guerras, trabalho, preces… A música está então presente em todos esses momentos importantes da vida social dos povos. A música tradicional é tão diversificada que cada ritmo tem um valor simbólico. Os tambores, segundo o toque, anunciam um nascimento, um casamento ou um falecimento. Como já foi mencionado, a música anuncia também as etapas do desenrolar das cerimónias, no Candomblé por exemplo. A dança é a base da relação física entre o homem e a divindade, é uma forma de conexão entre o mundo humano e o mundo sagrado.

A música sempre teve uma relação particular com a religião na África. Este intercâmbio é bem visível hoje em dia, através da acção dos mídias e dos artistas. A música religiosa conhece agora um grande sucesso, com o gospel por exemplo, que atrae cada vez mais público.

1- Angoleiros: membros da congregação da “nação” Angola (definição no artigo Candomblé de Angola, Musique rituelle afro-brésilienne, Maison des Cultures du Monde)

2- Ogã: título reservado para os homens, em particular para os músicos (definição no artigo Candomblé de Angola, Op. Cit.)

3- Citação no artigo Candomblé de Angola, Op. Cit., p.11

4- Senzala ou Sanzala : habitação ou povoação de negros (definição do Dicionário de Língua Portuguesa, Ed. Fluminense)

5- Cangânji ou Cangândji : homem negro mascarado ritualmente (definição do Dicionário de Regionalismos Angolanos, Ed. Contemporânea)

Bibliografia:

- www.infopedia.pt

- http://afiavi.free.fr/e_magazine/spip.php?article457

- Dicionário de folclore brasileiro, Câmara Cascudo, Editora Tecnoprint

- Dicionário de regionalismos angolanos, Oscar Ribas, Edições Contemporânea

- Brésil, Candomblé de Angola, Musique rituelle afro-brésilienne, Maison des Cultures du Monde

4- O Candomblé na África (Claudia)

Concluimos que a música tem uma grande importância ao longo das cerimónias das religiões africanas. Pois é ela que dá o ritmo e a estructura dos rituais tal como na religião Candomblé.

Candomblé é uma das religiões afro-brasileiras praticadas principalmente no Brasil mas também nos países vizinhos como o Uruguai, Argentina, e Venezuela. Nomeadamente presente no Estado da Bahia, o Candomblé é uma religião cujas raízes estão em África.

Esta religião é praticada por vários grupos religiosos principalmente pelo Povo do Santo (grupo de pessoas devotadas ao culto dos orixás no Brasil). Está baseada num conjunto de práticas rituais em vários deuses e deusas da natureza nomeados de Orixás e esta crença é associada aos fenómenos de transe considerada como a incorporação das divindades no iniciado. O termo de “Candomblé” é de origem Kikongo (língua falada na região angolana-congolesa) e significa “o costume do povo negro” : remonta de grupos étnicos da África Yórubà (Níger e Nigéria), Fon (Benin) e Bantu (Congo e Angola). Os heróis venerados são chamados de Orixás no território Yórubà, de Voduns em Fon e de Mukixes-Inkices em Bantu. Então existe três tipos de Candomblé que todavia permanecem hoje, o Candomblé Ketu que é o maior e o mais popular, o Candomblé Jeje de origem Fon e o Candomblé Bantu que é o Candomblé de Angola : são as chamadas nações de Candomblé. Diferenciam-se pelas divinidades veneradas, pelo atabaque (música) e pela língua sagrada usada nos rituais. Mas a tradição angolana é muito mais presente em vários aspectos da religião tal como nas letras dos cânticos que são em kimbumdu e kikongo. Durante os rituais os diferentes orixás recebem homenagens, com oferendas, cânticos, danças e os praticantes usam roupas especiais. Os orixás mais venerados e mais famosos são Exu (orixá da comunicação e guardião das aldeias, cidades, casas), Ogum (orixá ferreiro, senhor dos metais), Oxóssi (orixá da caça e da fartura), Obaluaiê (orixá guerreiro, caçador, lutador), Xangô (orixá dos raios, trovões, grandes cargas elétricas e do fogo), Iansã (dona de temperamento forte e guerreira), Oxum (orixá da fertilidade), Iemanjá (orixá do mar), Nanã (Orixá feminino dos pântanos e da morte) e Oxalá (o pai de quase todos os orixás, criador do mundo e dos corpos humanos),…

Como já foi dito precedentemente as raízes do Candomblé estão profundamente implantadas em África, então como pode explicar-se o facto de estar presente hoje em dia no Brasil ? É o papel da História : quando foi descoberto o Brasil, a maioria da povoação que emigrava para o « novo mundo » eram escravos da África. Pois os europeus, nomeadamente os portugueses, arrancavam os negros das suas terras para levar-lhes ao Brasil onde uma vida de escravatura lhes era destinada. Quando chegavam no Brasil os ecravos não tinham nenhuma condição de vida (nenhum direito, nenhum acesso a cuidados de saúde,…) : eram tratados como animais ao serviço dos seus senhores, os Brancos. Então a religião dos negros foi considerada como feitiçaria,… : foi proibido o Candomblé e as outras religiões africanas. Só vários anos depois lhes foi permitido ter uma religião mas impôs-se a religião cristã, os praticantes de Candomblé começaram a ser perseguidos pela Igreja, em consequência nasce um Sincretismo. Efectivamente nas senzalas (grande alojamento que se destinava à moradia dos escravos dos engenhos e das fazendas no Brasil) os negros dissimulavam os seus Orixás por trás de imagens de santos católicos. Só depois da libertação dos escravos começou a aparecer casas de Candomblé mas já fazia muitos séculos que a religião tinha incorporado vários elementos do Cristianismo por ter coabitado tantos anos (identificava-se os Orixás como sendo Santos Católicos, apareceu crucifixos nos templos, …). Essa tendência a aproximar-se do catolicismo ofendeu vários praticantes : então nota-se em casas de Candomblé uma tentativa de purificar a religião voltando as raízes africanas.

Podemos concluir que o Candomblé evolui muito ao longo dos séculos, através do espaço geográfico, … perdendo assim a sua origem africana : por exemplo uma das diferenças que pode-se notar entre o Candomblé de Angola e o do Brasil é que o modo de comemorar as divinidades é diferente pois na Bahia cada congregação celebra o conjunto das divinidades enquanto em África cada aldeia estava dedicada a celebração de uma só divindade.

O Candomblé não só é uma religião praticada por grupos religiosos, é também uma religião que intervem em vários temas políticos e sociais de actualidade : com efeito luta contra o racismo e a discriminação religiosa mas também ajuda os homossexuais, através de homens políticos que denunciam as injustiças apoiando-se da religião Candomblé.

Sitografia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Orix%C3%A1

http://pt.wikipedia.org/wiki/Candombl%C3%A9

http://kasange.vilabol.uol.com.br/

http://candomble.wordpress.com/

http://www.candombledeangola.com.br/conteudo.asp?id=4

http://www.candombledeangola.hpg.ig.com.br/

5. A intolerância religiosa (o "racismo religioso") em Angola: O caso da religião muçulmana. (Angélique)

A religião muçulmana em Angola

Angola é um pais de mais ou menos 14 milhões de habitantes. Cerca de 5 milhões de angolanos são católicos, os protestantes afirmam ter entre 3 e 5 Milhões de fiéis. Há poucos ateus declarados e os missionários estrangeiros trabalham livremente por todo o país. Ainda existe uma pequena parte da população que pratica o animismo ou religiões indígenas tradicionais (ver os artigos das minhas colegas Honorine e Norma). Mas neste artigo vou tratar da minoria de muçulmanos em Angola (15 mil pessoas) , 1% da população é composta sobretudo por imigrantes da África Ocidental e por famílias de origem libanesa, mas também por cada vez mais angolanos que deixaram a religião católica. O Islão apareceu e fixou-se em Angola nos anos 90, quando a religião pôde exprimir-se, quando os números de fiéis foi suficiente para a organização dum culto viável e a construção de infraestruturas (primeira mesquita em 1994). A liberdade religiosa é, em geral, respeitada em Angola. Mas não se pode impedir o direito de expressão. Encontram-se na Internet propósitos violentos e graves contra a religião muçulmana. Sabendo que em comparação, o Islão é a única religião que continua em ter novos seguidores no mundo, e nomeadamente em França enquanto os bancos das igrejas católicas ficam cada vez mais vazios, podemos interrogar-nos sobre o porquê dessa violência contra os preceitos de Maomé.

Sobre a época colonial, o pais como Moçambique, Sao Tomé, Cabo Verde e a Guine Bissau estavam sobre o domínio dos portugueses, povo historicamente cristão. Existiam leis que baniam todos os grupos religiosos não cristãos. Embora essas leis ainda fiquem em vigor, o seu cumprimento deixou de ser imposto. Explica porque é que a religião católica é a mais importante no país e que os feriados são festas cristãs. Pode também explicar porque é que a religião muçulmana é assim rejeitada. Essa lei pode ser utilizada contra os grupos e seitas radicais defensores do terrorismo. Sabendo que o terrorismo islâmico é muitas vezes confundido com a religião, é fácil perceber porque é que em Angola, cidadões e governo mostram reacções negativas. Angolanos emigrantes também reagem de forma violenta contra o Islão mas, sem querer julgar de forma nenhuma, eles podes ser influenciados pelos governos dos países acolhedores que sofreram de ataques terroristas, como o Reino Unido, os Estados Unidos ou a Espanha. Aqui também há uma assimilação entre Islamismo e Islão.

Para acabar se ainda temos medo do Islão e da sua forma mais extremista, podemos também exprimir reservas relativamente ás outras religião e a todas as formas de extremismos, presente em cada religião. Práticas ancestrais, rituais ditos religiosos que dependem mais de superstições e de tradições podem também ser muito perigosos pelos crentes e pessoas crédulas. Além disso, grupos religiosos ficam proibidos em Cabinda por causa de práticas perigosas sobre crianças e adultos. Devemos em todo mundo defender e continuar a garantir a liberdade religiosa mas de forma nenhuma, aceitar a violência em nome dum Deus, ou em nome dum homem.

Sitografia:

Relatorio dos EUA sobre a liberdade religiosa em Angola 2005-2006

http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=2335

http://pt.wikipedia.org/wiki/Angola

6. Religião através da Capoeira Angolana (Isabel Castro)

Na Senzala se ouve um ritmo de música talvez batida pelo coração, tem dois homens que jogam devagar, de maneira pouco agressiva, com golpes baixos, com maior utilização do apoio das mãos no chão, eles se olham, nunca perdem o olhar um do outro, ao redor uma grande roda, gente que canta assemelha um pranto, canto cheio de dor mas também da esperança, a roda é acompanhada por som surdo e grave, parece que vibra dentro do peito de todos os que assistem ao jogo é a música que acompanha os movimentos dos dois homens que dançam. Um dos jogadores cai no chão, não pelo ataque do seu contrario senão pelo ardor que tem deixado o látego.

Em Angola, nasce a Capoeira, criada com inspiração no “N’golo”, uma dança que os negros angolanos praticavam na Ilha de Lubango, na aldeia dos MUCOPES, localizada no sul de Angola, imitando o movimento dos animais que os cercavam nas tribos onde viviam, como os movimentos das zebras, crocodilos, macacos, etc. Este tipo de dança era chamada “Jogo da Zebra“, nesta dança, os negros lutavam num pequeno recinto e os vencedores tinham como prémio as meninas da tribo que ficavam moças. Esta dança foi a inspiração que os escravos tiveram para poder camuflar os treinos de capoeira (luta) na frente dos feitores , pois vendo que eles faziam uma roda no terreiro da senzala e ao não entender as letras das canções, pensavam que estavam só se divertindo.

A Capoeira é por acima de tudo um movimento de resistência e busca da liberdade; cresce como resposta ao sistema escravista e à religião cristã em África, surge para preservar a espiritualidade do povo africano, que foram reprimidos pela cultura dominante. Para os africanos esta prática além de ser uma actividade de luta estava carregada de ritualismo, filosofia e religião.

A ritualidade, característica de um universo simbólico, com raízes na ancestralidade, que procura preservar a identidade cultural, filosofia que prega o respeito ao próximo e ao mais velhos, estes que possuem um grau maior de sabedoria. Muitos são adeptos que se engajam de corpo e alma criando dessa forma uma filosofia de vida e a religião para preservar a prática. A música cantada na Capoeira falava de deuses africanos e ao igual que os ritos africanos eles se entregavam a uma espécie de dança litúrgica ao som de instrumentos de percussão, pois o ritmo bárbaro exacerbava-lhes e exagerava-lhes os movimentos na ginga do corpo, a estes rituais religiosos se atribui o surgimento da capoeiragem. Esta influência da religiosidade africana pode notar-se na música feita através dos instrumentos de percussão que acompanham o jogo. O candomblé oferece uma variedade de toques de atabaques, cujo instrumento é utilizado na prática da Capoeira, com diversos ritmos e andamentos com os padrões de comportamentos de orixas. O transe de orixa manifesta uma actividade gerada pelos toques e ritmos musicais do candomblé e destes da capoeira.

Os colonialistas utilizaram o cristianismo como uma forma directa de dominação. Para os monarcas portugueses, colonizar e evangelizar se colocavam em pé de igualdade, identificando a cultura europeia com o cristianismo, sendo assim, evangelizar torna-se sinonimo de “aportuguesar”, a raça negra imperante em Angola conseguiu de certa maneira se impor para preservar seus costumes, suas crenças e sua idiossincrasia.

A religião, apresenta um papel importante no longo deste desenvolvimento da historia, por um lado da colonização, era a maneira de possuir, de dominar as mentes, de controlar o monopólio a sua vontade e pelo outro dos escravos que conseguiram resistir aos embates dos portugueses utilizando em contraposição sua própria identidade, como foi através da Capoeira, esta afirmação nos levam a depreender que a religião tem sido un dos eixo fundamentais para estabelecer as mudanças e permanência do povo africano.

A Capoeira Angola teve seu maior desenvolvimento no Brasil até hoje, ela deu origem a Capoeira Regional e outras vertentes. Por isso é considerada como afro-brasileira.

Fontes bibliográficas:

Associação de Capoeira Nova Visão,[em linha],[ref. 08 de janeiro de 2008]. Disponível em Web : www.novavisao.kit.net/capoeira/angola/ -

BUNDCHEN, Isabelle, Raízes da Capoeira [em linha], Edição: [Brasilia]: Novembro de 2002, [ref 07 de janeiro de 2008]. Disponível em Web : www.secom.unb.br/unbagencia/ag1102-16.htm

AYALA, Silvio, Interview de Mestre Barba Branca [em linha], Edição: 1999, [ref 07 de janeiro de 2008]. Disponível em Web : www.gcac.fr/br/gcac-barba-branca.htm - 22k

BARBOSA, Flavio, O Foclore Brasileiro Editorial: Nova Fronteira, 1972, Pag.78-81

7. A religião umbanda (Mara)

I- Os fundamentos da religião Umbanda:

A umbanda é estrecturada em três princípios: a fraternidade, a caridade, e o respeito do próximo. Admite um Deus chamado Zambi que é o criador do mundo e da humanidade. Seus adeptos cultuam divinidades denominadas Orixás e reverenciam espíritos chamados Guias. Os Guias têm consciência da natureza humana e possuem os atributos para que a humanidade possa evoluir e seguir um caminho melhor. Manifestam-se através de médiuns. Os médiuns permitem que os espíritos falem através de seu corpo físico e mental.

1) Um deus único e superior:

A religião Umbanda crê na existância de um deus único, supremo, criador universal, chamado Zambi (ou Olorum). Manifesta-se através dos Orixás e dos Guias (espíritos desencarnados). Guia os homens até a elevação espiritual e intelectual.

2) Os Orixás:

Os Orixás são energias emanadas da divindade, forças da natureza que influenciam as pessoas e mantém o equilíbrio natural. Cada pessoas está ligada a um desses Orixás e suas características são encontradas em seus filhos. Os principais Orixás são os seguintes:

  1. Oxalá, associado a criação do mundo e da espécie humana. E omnipresente.
  2. Ogum, defensor dos desemparados. Manifesta-se nas estradas e caminas.
  3. Oxóssi, sua busca visa o conhecimento. Traz a fé e o saber aos espíritos fragilizados. Manifesta-se nas matas.
  4. Xangô, senhor da justiça que protege das injustiças. Manisfesta-se nas pedreiras.
  5. Oxum, manifesta-se nas cachoeiras.
  6. Iansã, senhora dos rais. Nas lendas provenientes do Condomblé, foi mulher Ogum e depois de Xangô, seu verdadeiro amor. Manifesta-se através dos ventos e das tempestades.
  7. Yemanjá, manisfesta-se no mar.
  8. Obaluae, reprsenta a manifestação de Zambi, a renovação dos espíritos descaídos. É o guardião dos cemitérios. Manifesta-se na terra.
  9. Naña, considerada como mãe primeira da humanidade. Manifesta-se nas águas.

3) Os Guias:

Os guias (também chamados giras) possuem vários arquétipos pelos quais se apresentam através da incorporação. Como exemplo desses arquétipos, podemos citar:

  1. Pretos velhos que são entidades que tiveram pela sua idade avançada o poder e o segredo de viver longamente. São espíritos de elevada sabedoria trazendo esperança e quietude.
  2. Crianças que são entidades de carácter infantil. São espíritos puros de grande elevação, considerados como os mensageiros dos Orixás que trazem recados deles e levam-lhes pedidos.
  3. A pomba-gira, muito pouco se conhece sobre essa entidade. Tem uma atuação central a sexualidade e a magia.

4) Os médiuns:

O médium é toda pessoa que tem qualidade de comunicar com entidades desencarnadas seja pela incorporação, pela vidência (ver), pela audiência (ouvir), ou pela psicografia (escrever movido pelos espíritos). Existem várias classes de médium, de acordo com o tipo de mediunidade:

  1. Os médiuns de incorporação imprestam seus corpos para os guias ou os Orixás.
  2. Os atabaqueiros que transmitem a vibração da espiritualidade superior por via dos atabaques, criando um campoenergético favorável à atração de espíritos.
  3. Os corimbas que são encargados de atender as entidades.

II- O culto umbandista:

A Umbanda tem como lugar de culto o templo, onde os umbandistas se encontram para realização do culto aos Orixás e aos Guias.

1) As sessões de consulta:

Nas sessões de consulta, as pessoas conversam com as entidades a fim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas e para resolver problemas diversos. As ocorrências mais comuns nessa sessões são o passe e o descarrego. No passe, a entidade reorganiza o campo energético astral da pessoa, energizando-a e retirando toda a parte negativa. O descarrego é feito com o auxílio de um médiun, o qual capta a energia negativa da pessoa. A entidade faz com que essa energia seja deslocada para o astral.

2) O Vodu:

O vodu é também praticado na religião umbandista. As ceremônias são realizadas durante a noite e implicam sacrifícios animais. Durante essas ceremónias, o sacerdote vai ser possuido por uma divinidade. Para cada divinidade existe um tipo de música, instrumento e ritmos específicos. As danças são então muito importantes e permitem obter a espiritualidade. O boneco vodu é utilizado para invocar poderes dos deuses e recebe o nome de fetiche, que significa feitiço. O fetiche é confeccionado pela pessoa que realiza o trabalho de magia e , enquanto é feito, a pessoa tem de mentalizar os objectivos que quer alcanzar com o ritual. Pode, por exemplo, curar uma pessoa ou alcançar prosperidade. O boneca precisa ser batizado com o nome da pessoa que representa.

http://www.terreirodeyansa.hpg.ig.com.br/his/umbanda.htm

http://www.umbanda.etc.br/umbanda/umbanda.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Umbanda

http://sol.sapo.pt/blogs/pnina/archive/2006/09/23/ORIGENS-DA-UMBANDA-.aspx

http://pt.wikipedia.org/wiki/Umbanda

http://www.cacp.org.br/seitasdiversas/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=415&menu=8&submenu=1

8. Protestantismo e Poder Político em Moçambique (Samuel)

A religião católica foi vista durante o período colonial como um meio eficaz para “portugalizar” a população indígena de Moçambique. Muitos franciscanos foram mandados para a colónia e estabeleceram-se sobretudo nas regiões mais desenvolvidas do território. No entanto, foram sobretudo missionários protestantes, já presentes na África do Sul, que se estabeleceram no sul de Moçambique e que nesta região tiveram um papel de evangelizadores. A Missão suíça, adepta de um protestantismo “social”, foi um dos principais actores nesta região. Promoveu nomeadamente o acesso à educação secundária e superior dos jovens, e contribuiu muito na formação da consciência política dos seus crentes. A igreja protestante teve assim um papel importante na formação de uma elite educada no sul da colónia.

Foi esta mesma elite, oriunda do sul, que acabou por controlar a Frelimo em 1968, e que, em 1975, controlou a nova nação moçambicana recentemente criada.

Até o fim dos anos 70, os discursos políticos da Frelimo foram caracterizados por críticas e acusações em relação à religião e às várias confissões presentes no país. No entanto, naquela altura esta atitude acabou por mudar e o governo começou a estabelecer uma oposição fundamental entre catolicismo e protestantismo, baseada nos papéis sociais e políticos que as duas correntes tiveram na história colonial do país. Os políticos definiram os movimentos católicos como reaccionários e colonialistas, e os movimentos protestantes foram definidos como progressistas e nacionalistas.

Este extracto de um discurso de Samora Machel, presidente da república moçambicana, é revelador desta visão, a nível da história do país, que o governo propunha em 1982:

« Les protestants nous ont beaucoup aidés. Ils nous ont éduqués afin que nous connaissions la valeur de l'homme. Depuis l'époque où les Portugais ont dominé complètement notre pays, les protestants ont construit des églises et nous ont enseigné notre histoire, notre valeur, notre propre identité. Ils nous ont enseigné que nous étions mozambicains, africains et pas portugais. Ils n'ont jamais trahi notre peuple comme l'ont fait les catholiques. Les catholiques ont voulu nous convaincre que nous étions portugais, c'est pourquoi je dis merci aux protestants ». (citado em Morier-Genoud, 1998)

Considera-se que houve dois acontecimentos históricos que influenciaram muito esta distinção historiográfica criada pelo governo. O primeiro seria a relação que existiu, durante o período colonial, entre a elite do sul do país, da qual os membros da Frelimo eram oriundos, e os movimentos protestantes, que ajudaram o desenvolvimento desta região. O segundo seria as reacções que os movimentos protestantes tiveram, depois da independência, em relação às políticas governamentais. Apesar de todos os protestantes não terem apoiado as medidas nacionalistas do governo, nunca as criticaram de uma maneira directa, o que não foi o caso dos movimentos católicos.

Os movimentos protestantes foram criticados por não terem recusado esta visão do governo, considerada como falsa e caricatural. No entanto, o facto da igreja protestante aceitar esta oposição permitiu um aumento do seu poder político a nível nacional, assim como uma nova legitimidade que não podia existir na época colonial.

Bibliografia:

CAHEN M., “Le colonialisme tardif et la diversification religieuse au Mozambique (1959-1974)”, Lusotopie 1998, Paris, Karthala, 1998, pp. 377-396.

CRUZ E SILVA T., “Educação, identidades e consciência política : a missão suíça no Sul de Moçambique (1930-1975)”, Lusotopie 1998, Paris, Karthala, 1998, pp. 397-405.

HARRIES P., “Christianity in Black and White : The Establishment of Protestant Churches in Southern Mozambique”, Lusotopie 1998, Paris, Karthala, 1998, pp. 317-333.

MORIER-GENOUD E., “Y a-t-il une spécificité protestante au Mozambique ? La relation entre églises chrétiennes et politique entre 1960 et 1980”, Lusotopie 1998, Paris, Karthala, 1998, pp. 407-420.

9. As máscaras dos Tshokwe em Angola (Paula)

I- Breve apresentação geral da arte africana II- apresentação dos Tshokwe III- explicação das máscaras Tshokwe

Foi no início do século XX, durante a expansão colonial, que se produz em Paris um fenómeno simbólico : a Négritude. A arte e a cultura africana suscitam então interesses e estudos ; certos artistas ocidentais tomam também orientações inseradas das artes negras. A concepção de arte em África é diferente do ocidente. A arte africana desempenha geralmente um papel importante em rituais religiosos o culturais. Cada grupo etnolinguístico tem seus próprios traços originais. Apesar do artista não ser livre do tema artístico, e dever respeitar o estilo do grupo a quem pertence, ele não é no entanto reduzido a um simples artesão. O artista tem consciência da estética que ele procura.

O povo Tshokwé é um povo de escultores e de ferreiros. Eles occupam um lugar muito importante na arte da região do Kasai, no Nordeste da Angola. A história do povo Tshokwé é muito próxima da dos Lunda, de quem eles conquistarem o território no final do século XIX. De facto, o herói mítico da civilização Tshokwe é Tshibinda Ilunga; e Tshibinda foi o fundador da dinastia Lunda. A rebelião de alguns chefes Lunda dividiu o povo e criou outro : os Tshokwé. Segundo a lenda, Tshibinda Ilunga trouxe novas técnicas de caça. Em muitas representações, ele aparece com objectos de caça e como um homem forte: grandes pés, grandes mãos porque ele é capaz de correr durante horas.

A produção de máscaras é uma actividade essencial na arte Tshokwé. As máscaras são de varias formas: antropomórficas, zoomórficas e de vários materiais: madeira, pele, bronze… elas tem um aspecto maciço, impressão de formas pesadas, máscaras impressionantes e de certa maneira agressivas também. Algumas destas características traduzem o feitio próprio dos Tshokwé. Dois tipos de máscaras destacam-se : as máscaras Mwnaa Pwo e as máscaras Cihongo. As máscaras Mwnaa Pwo são desgastadas pelos dançarinos masculinos em rituais de puberdade. Esta máscara evoca um espírito antepassado. Pwo é uma idealização de uma jovem mulher, ela protege a fecundidade. O dançarino tem uma relação muito particular com a sua máscara: para pagar o escultor, o dançarino dá-lhe um anel tal como se faria para a dote de uma noiva. A máscara era também interrada a morte do dançarino. As máscaras Cihongo são masculinas, elas sugerem a potência. A próximidade estilística com as máscaras Mwnaa Pwo é evidente: a fronte larga, as orelhas com brincos de metal, os olhos em forma de cori, um mesmo nariz, e uma boca com dentes aparentes. Esta máscara conjura a imagem do príncipe Tshibinda Ilunga. Ela da prosperidade e justiça ao povo. Só o chefe pode trazer esta máscara.

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