Cabo Verde

Generalidades

  • Presidentes : Jorge Carlos Fonseca, do MpD (Movimento para a Democracia), é presidente de Cabo Verde desde março de 2012. O presidente anterior era Pedro Pires, eleito em 25 de Fevereiro 2001 depois de António Mascarenhas Monteiro, chefe de Estado durante 10 anos. Pedro Pires, do PAICV, tinha sido primeiro-ministro entre 1975 e 1991. Apoiado pelo Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV) e outras pequenas formações partidárias, Pires venceu o candidato Carlos Veiga, antigo líder do Movimento para a Democracia (MpD), por 12 votos. Houve novas eleições em 2006 e nova vitória de Pedro Pires. Jorge Carlos Fonseca é o 4° presidente da República de Cabo Verde, o primeiro tendo sido Aristides Pereira (PAICV). Cabo Verde foi em 1991 o primeiro país africano a conseguir a alternância política. É um país indiscutivelmente democrático.
  • De quase desconhecido nos anos anteriores a 1990, tem-se hoje em França uma imagem melhor de Cabo Verde através da música de Cesária Évora, nomeadamente.
  • O povo caboverdiano é conhecido pelo seu orgulho, sua homogeneidade, seu carácter às vezes mais português que o português (emigrante incansável, poeta, etc.).
  • Ver o site de Jean-Yves Loude et Viviane Lièvre, grandes conhecedores de Cabo Verde e São Tomé : http://www.loude-lievre.org/

Geografia

A capital da República de Cabo Verde é a cidade de Praia, na Ilha de Santiago. Outras cidades : Mindelo, S. Filipe, Espargos, Pedra Badejo e Porto Novo.

Com uma superfície de 4.033 km2, as ilhas do arquipélago de Cabo Verde situam-se na parte meridional do Atlântico Norte, a 500 km do continente africano, perto do Senegal e da Mauritânia. O arquipélago tem 10 ilhas e 8 ilhéus, agrupados em dois conjuntos : o de Barlavento, lado de onde sopra o vento, ( Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, S. Nicolau, Sal, Boavista e os ilhéus de Branco e Raso) e o de Sotavento, lado oposto ao vento, (Maio, Santiago, Fogo, Brava e os ilhéus Secos ou do Rombo). Ver Mapa.

Com excepção das Ilhas do Sal, Boavista e Maio, o arquipélago é montanhoso, de origem vulcânica. Pontos mais altos : na ilha do Fogo (o vulcão do Pico, 2.829 m), em Santo Antão (o Topo de Coroa : 1.979 m) e em Santiago (o Pico da Antónia e a Serra da Malagueta : 1.280 m e 1.373 m).

Cabo Verde pertence à região do Sahel, e apresenta um clima tropical seco. As temperaturas variam entre os 20º e os 26º todo o ano. Há duas estações : uma mais húmida e quente, entre Maio (ou mais tarde) e Outubro e outra mais seca e fresca, devido às brisas que se fazem sentir. A vegetação é rara, em especial nas regiões baixas e áridas, mas quando chove, o ambiente muda com o aparecimento de plantas herbáceas que cobrem as zonas de altitude. Quase não tem rios.

A população das Ilhas de Cabo Verde é de mais ou menos 500 000 habitantes, a metade dos quais na Ilha de Santiago. Há uma forte concentração (90 %) nas quatro ilhas principais. Estima-se que mais 700 000 caboverdianos vivam fora do país como emigrantes. A maioria da população emigrada vive nos Estados Unidos (cerca de 350 mil), em Portugal (maior communidade dos Palops em Portugal), Senegal e Angola (cerca de 40 mil, cada) e ainda na Holanda, em França e no Brasil.

A grande homogeneidade da população cabo-verdiana
Os grupos existentes são o crioulo, o africano e o europeu; os vestígios da cultura africana são mais pronunciados na Ilha de Santiago. A língua oficial é o Português, mas todos os cabo-verdianos falam o Crioulo (o kabuverdianu).
Cabo Verde tem indicadores demográficos e sociais positivos relativamente a outros países africanos.

IDH : Índice de Desenvolvimento Humano, elaborado anualmente pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) A lista do IDH conta 187 países e Cabo Verde é o único país africano de expressão portuguesa com Desenvolvimento Humano Médio (133ª posição), estando os restantes, São Tomé e Príncipe (144), Angola (148), Guiné-Bissau (176) e Moçambique (184) na lista dos países com Desenvolvimento Humano Baixo. (Dados de 2011)

História

As ilhas foram descobertas entre 1460 e 1462. António de Noli e Diogo Gomes, navegadores portugueses, sob a orientação do Infante D. Henrique, encontraram a 1° de Maio de 1460 a primeira ilha do arquipélago, que chamaram Santiago. As ilhas eram deshabitadas. Tornaram-se rapidamente pontos de paragem dos barcos para abastecimento de água e de alimentos frescos e entreposto de escravos.
A partir de 1587, a administração das ilhas passou ao cargo de um Governador português.
Cabo Verde tornou-se uma Província Ultramarina Portuguesa no dia 11 de Julho de 1951.
O movimento de luta pela independência desencadeou-se na década de 1950, tendo havido uma aliança entre os movimentos nacionalistas de Cabo Verde e da Guiné, de que resultou o Partido Africano da independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), fundado em 1956.
Nunca houve guerra de libertação em Cabo Verde. Nem lei do indigenato.
No dia 30 de Dezembro de 1974, Portugal transferiu o poder para um Governo de transição chefiado por um Alto Comissário Português.
Cabo Verde tornou-se independente no dia 5 de Julho de 1975.
Bom balanço do período de partido único (75-91) comparativamente a todos os outros países do continente. Marxismo moderado, algum progresso apesar de péssimas condições. O PAICV perdeu as primeiras eleições livres : fracasso da política de desenvolvimento rural, insistência muito grande sobre a africanidade a custo da latinidade e europeidade, os problemas devidos a um partido único (censura, divisões).

Algumas datas sobre Amílcar Cabral
12 de Setembro de 1924 : Nasce em Bafatá, Guiné
1932: Vai para Cabo Verde
1943: Completa no Mindelo o curso liceal
1945: ingressa no I. S. Agronomia, em Lisboa
1950: Trabalha na Estação Agronómica de Santarém
1952: Regressa a Bissau, como agrónomo
1955: Vai trabalhar para Angola; liga-se ao MPLA
1956: Criação em Bissau do PAIGC
20 de Janeiro de 1973 : Amílcar Cabral é assassinado em Conacri.

Cronologia a partir da independência :
1975 (5 de Julho) : Proclamação da independência. Aristides Pereira torna-se presidente, Pedro Pires primeiro ministro.
1977 (2 de Janeiro) : o PAIGC forma um conselho de união sob a presidência dos dois presidentes das assembleias, João Bernardo Vieira (Guiné) et Abílio Duarte (Cabo Verde).
Boatos e complots. Prisões e destituições.
1977 : (2 juillet) : Criação duma moeda nacional, o escudo. Ruptura com a Guiné-Bissau. Os dois estados passam a ser dirigidos por partidos separados.
1980 : (7 septembre) : Adopção da primeira constituição.
1980 : (7 décembre) : Eleições legislativas. Todos os candidatos são do PAIGC.
1981 : (19 janvier) : o PAIGC é substituido pelo PAICV. Arístides Pereira é secretário geral do PAICV.
1990 (28 septembre) : Adopção do multipartidarismo. (PAIGC partido único desde 1975)
1991 (12 janvier) : Eleições legislativas.Vitoria do MpD : 56 deputados sobre 79. O presidente do MpD, Carlos Veiga, é primeiro ministro.
1991 (17 février) : Primeira eleição presidencial pluralista. Eleição de António Mascarenhas Monteiro (MpD).
1995 (17 décembre) : Eleições legislativas. MpD : 50 deputados, PAICV : 21 et PCD : 1.
1996 (18 février) : Reeleição de António Mascarenhas Monteiro.
1996 (17 juillet) : Adesão à CPLP
2001 (14 janvier) : Eleições legislativas.
2001 (11 février) : Eleição de Pedro Pires, do PAICV
2006 : Reeleição de Pedro Pires.
2012 : Eleição de Jorge Carlos Fonseca (MpD).

Economia

Ajuda internacional e remessas dos emigrantes são as maiores fontes de divisas.
Cabo Verde torna-se cada vez mais parte da periferia europeia.
Principais produtos importados: produtos alimentares (vegetais e animais), produtos minerais, equipamento de transporte, produtos metálicos e combustíveis.
Principais produtos exportados: bananas, peixe e crustáceos.
A Zona Económica Exclusiva (ZEE) de Cabo Verde estende-se por mais de 730 mil km², caracterizada por grandes profundidades.
Principais fornecedores: Brasil; Bélgica; Luxemburgo; Costa do Marfim; Dinamarca; França; Alemanha; Itália; Japão; Holanda; Portugal; România; Espanha; Suécia; Estados Unidos.
Principais clientes: Holanda; Portugal, Estados Unidos.
A moeda é o Escudo Cabo-Verdiano. É membro da CPLP e da francofonia.
Turismo e pesca se desenvolvem.

Cultura e educação

A penetração do mundo digital, o melhor dos Palops : http://www.internetworldstats.com/stats1.htm
O caboverdiano é também no mais letrado dos habitantes dos Palops. Ver : http://www.rtc.cv/index.php?id_cod=6190&paginas=13.
Triângulo da crioulidade : africanidade, europeidade, e latino-americanidade.
A cultura popular do povo cabo-verdiano reflecte cinco séculos de influências europeias e africanas, e mostra afinidades com as culturas latino-americanas, que tiveram também essas influências.
Os objectos tradicionais, produzidos para uso comum e muito procurados pelos visitantes, traduzem uma vida dificultada pela seca, factor omnipresente no dia-a-dia dos habitantes (que faz pensar no Nordeste brasileiro).
Combinam-se na gastronomia produtos de alimentação populares - milho, feijão, batata doce, mandioca, peixes e carnes diversas. O prato de referência é a cachupa, muito consumida por toda a população. A bebida nacional é o grogue (que lembra a cachaça brasileira).
A música está presente na vida quotidiana e religiosa. Os instrumentos : violão, viola, cavaquinho, violino, tambores e vários instrumentos de percussão. Tem expressões muito próprias: morna, coladeira, funáná, batuque (mulheres tocam percussão em panos, bolsas e garrafas de plástico, batendo nas coxas, nas pernas), finaçon. Muitos músicos cabo-verdianos são conhecidos no mundo, Cesária Évora, Bana, Titina, Dany Silva, Tito Paris, Tubarões, Finaçon, Teófilo Chantre, Lura, etc.
A literatura cabo-verdiana em português começou com um movimento literário em 1936, em torno da revista literária Claridade, em oposição à ditadura do poder colonial e em ruptura com os modelos estéticos europeus. Entre os representantes deste movimento destacam-se Baltasar Lopes da Silva, autor de Chiquinho, Manuel Lopes, com os romances Chuva Brava e Os Flagelados do Vento Leste, e Germano Almeida, autor de O Meu Poeta e Testamento do Senhor Napumoceno.
A língua crioula é representada na literatura, na oratura e nas canções, por Ana Procópio, poetisa do improviso nas festas populares da sua ilha do Fogo; Eugénio Tavares, da ilha Brava, Mário Barbosa, do Fogo, B. Leza e Manuel de Novas, de S. Vicente, autores célebres de mornas e coladeiras.