A Guiné-Bissau

• Foi importante o papel da Guiné-Bissau na queda do fascismo português. Terceira frente de guerra anticolonial, foi também a pior para o exército português. Ver o filme “Os Capitães de Abril », de Maria de Medeiros. Houve encontros entre guerrilheiros e capitães do exército português. António de Spínola, frente à situação militar péssima, em 74, publica Portugal e o futuro, onde propõe uma solução política.

• O fracasso da união da Guiné e de Cabo Verde resultou numa separação em 1980. Um só partido, dois países, era o cúmulo do monopartidarismo. Entretanto, a Guiné Bissau não conheceu uma guerra civil tão grave como a de Angola ou de Moçambique.

• Ver o mapa da Guiné Bissau : poucos terrenos cultivados, muitas águas (pantanais), muita floresta, densa ou não. O relevo explica em parte as dificuldades do exército português durante a guerra colonial.

A Guiné Bissau, com 36 120 km2 de superfície, situa-se na Costa Ocidental de África. Tem fronteira, a norte, com o Senegal (Casamança, capital Zinguinchor), a este e sudeste com a República da Guiné (Conakry. Além do território continental, o país integra ainda cerca de 40 ilhas que constituem o arquipélago dos Bijagós, separado do Continente pelos canais de Geba, Pedro Álvares, Bolama e Canhabaque. A superfície continental consiste numa parte costeira semi-pantanosa e numa zona planáltica pouco elevada. A Guiné tem numerosos rios, dos quais o Cachéu, o Mansôa e o Geba são os mais importantes, percorrem o território e são as melhores vias de penetração no interior. Fauna : Aves variadas e numerosas. O clima é tropical, embora marítimo. A temperatura média é de 20º C População: 1.080.000 habitantes em 1995, 1 600 000 em 2005 Superfície 36120 km² Crescimento 3% por ano ; <15 ans : 46% ; >65 ans 3% ; Esperança de vida : 44 anos ; Moram nas cidades 32%.

Religiões : a religião muçulmana é maioritária, também há cristãos e as religiões tradicionais africanas são praticadas.

95% da população é negro-africana, dividida entre 20 etnias, consequência possível do beco sem saída que foi o país para os povos vindos do Sahel e indo para o mar. Dos 20 grupos étnicos, destacam-se os Balantas (27%) , os Fulas (ou Peuls) (22%), os Mandingas (ou Malinké) (12%), os Nianjacos (11%) e os Papéis (10%). Os nome e os números variam muito conforme os autores no que diz respeito às etnias e línguas da Guiné Bissau. Antes da independência, a população de origem não africana era, na sua maioria, constituída por funcionários públicos e comerciantes portugueses, assim como comerciantes da Síria e do Líbano. Se a língua oficial é o Português, é falado por menos de 20 % da população. A língua veicular é o Kriol, falado pela maior parte da população.

O navegador português Nuno Tristão chegou a terras da Guiné em 1446. Estabeleceram-se, a partir de então, contactos contínuos com entrepostos na Costa Ocidental de África. A própria colonização foi curta. A Guiné-Bissau iniciou a sua revolta armada em 1963, através do PAIGC - Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde, chefiado por Amílcar Cabral. A independência foi unilateralmente declarada em 24 de Setembro de 1973, vindo a ser reconhecida por Portugal a 10 de Setembro de 1974. Amílcar Cabral, em 1971, interrogado sobre «o futuro das relações entre a Guiné e Portugal», disse :

«Se porventura em Portugal houvesse um regime que estivesse disposto a construir, não só o futuro e o bem-estar do povo de Portugal, mas também o nosso, nós não veríamos nenhuma necessidade de estar a fazer a luta pela independência. Mas em pé de absoluta igualdade. Quer dizer, se o presidente da República pudesse ser, quer de Cabo Verde, da Guiné, como de Portugal; se todas as funções estatais, administrativas, etc., fossem igualmente possíveis para toda a gente, nós não veríamos nenhuma necessidade de estar a fazer a luta pela independência, porque já seríamos independentes, num quadro humano muito mais largo e talvez muito mais eficaz do ponto de vista da História». [Publicado em Dezembro de 1971 na revista Polémica (Genebra, Suíça)]

1980 : separação de Cabo Verde, Luís de Almeida Cabral abandona o poder depois de um golpe de Estado do primeiro ministre João Bernardo Vieira (Nino).

O multipartidarismo é decretado em 1991 pelo PAIGC. Só haverá eleições em 1994. Nino vence.

Guerra civil de Junho de 1998 a Maio de 1999. A 6 de Junho de 1998, o presidente Vieira demite o general Ansumane Mané, acusado de ter sido negligente num caso de tráfico de armas. Os militaires fiéis ao general Mané amotinam-se. A maior parte dos 250 000 habitantes da capital fogem. A 10 de Junho, tropas vindas do Senegal e da Guiné Conakry entram em Bissau, a pedido de Nino Vieira. A 26 de agosto, os beligerantes assinam um cessar-fogo. A 17 de Outubro, os amotinados, a que se juntam os separatistas da Casamança, lançam um nova ofensiva. A 2 de Novembro, o presidente Vieira e o general Mané, concluem um acordo de paz que prevê as tropas da Ecomog na fronteira com o Senegal e a organização de eleições em 1999.

Queda de Nino Vieira, em 1999 : é destituido pelo General Ansumane Mané.

CNT : conseilho nacional de transição.

16 de Janeiro de 2000 : eleição de Kumba Yalá (PRS Partido da Renovação Social), Segundo partido nas eleições: Resistência da Guinée-Bissau-Movimento Ba-Fata (RGB-MB), PAIGC terceiro.

A personalidade do Presidente Kumba Ialá é curiosa. Algumas pessoas não hesitam em questionar o seu equilíbrio mental e põem em dúvida a sua capacidade para o exercício das actuais funções. É encarado como um «ditadorzinho de barrete encarnado».

O general Ansumane Mané é abatido a 30 de Novembro de 2000, acusado de promover uma tentativa de golpe de Estado contra Kumba Ialá.

Novo golpe de Estado de 14 de Setembro 2003 : o exército demite Kumba Ialá e instala um comité de restituição do ordem constitucional e democrática.

Eleição de Nino Vieira a 24 de Julho de 2004. João Bernardo Vieira, que vivia no exílio em Portugal desde 1999, vence com 52,3%. Morre assassinado a 2 de março de 2009. Foi um acerto de contas. No domingo, Tagmé Na Waie, o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, tinha sido assassinado, segundo consta, a mando de Nino Vieira.

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau é em 2011 Carlos Gomes Júnior, e o Presidente guineense era Malam Bacai Sanhá até 9 de janeiro de 2012, dia em que morreu de doença. O president interino é Raimundo Pereira.

Pertence à UEMOA (Union Economique et Monétaire Ouest Africaine) desde 2 de Janeiro de 1997 com Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali, Niger, Senegal, e Togo. A Moeda é curiosamente o Franco CFA. Principais produtos importados: produtos alimentares, equipamento de transporte e maquinaria, combustíveis. Principais produtos exportados: caju, madeiras e camarão, pesca. Potencial turístico : nomeadamente com o turismo ecológico (aves).

Flora Gomes, cineasta : Os olhos azuis de Yonta, Mortu Nega
Domingas Samy, escritora (primeira a publicar um livro de ficção)
Filomena Embalo, escritora, Tiara
Carlos Lopes, sociólogo e escritor
José Carlos Schwartz, canções : Mindjeris de pano preto, Ke ki mininu ta tchora
Naka, Músico e cantor contemporâneo

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