Moçambique

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Generalidades

Moçambique é o mais povoado dos PALOPs com mais de 21 milhões de habitantes em 2008. A taxa de crescimento anual é elevada (mais de 2,5 %, apesar de condições péssimas). Entre os países lusófonos, é o segundo pela população, embora pouco conhecido e pouco estudado. A superfície varia conforme as fontes entre 783 030 e 801 590 Km². É portanto o 3° país lusófono pela extensão. De forma estranha, e com a capital Maputo no extremo Sul, tem 1965 km de Norte a Sul (da fronteira sulafricana à foz do Rovuma), 1130 km de Zumbo ao Índico, 2470 km de litoral. É uma transição entre o mar e os países anglófonos do interior. Fica cortado ao meio por um dos maiores rios de África, o Zambeze, com a barragem de Cahora Bassa (entre 80 rios no país, entre os quais 25 importantes, mas poucos navegáveis). A circulação no país é difícil em parte por causa dos rios. No Norte, o clima é um clima de monção, no sul, em Maputo, 18 a 20° em Junho e Julho é o mais frio. É dividido em 10 províncias : Cabo Delgado, Gaza, Inhambane, Manica, Maputo, Nampula, Niassa, Sofala, Tete, Zambézia. As vias de comunicação : linhas de caminho de ferro ligando o interior ao mar, poucas estradas, voos domésticos desenvolvidos, 3 portos importantes : Maputo, Nacala e Beira. Importante potencial turístico não explorado : o parque nacional de Gorongosa, a Ilha de Moçambique, por exemplo. Encontram-se três religiões principais, as religiões tradicionais africanas, o catolicismo, o islão. Os cultos foram proibidos de 1975 a 1982.

Vários mapas de Moçambique

Povos e línguas

A diversidade linguística de Moçambique é enorme. Para a maioria da população, estes idiomas “nacionais” (na realidade “regionais”) constituem a sua língua principal e a mais utilizada na comunicação diária. O Recenseamento Geral da População e Habitação de 1997 indica que a língua materna mais frequente em Moçambique é o emakhuwa, ou macua (26.3%). Em segundo lugar está o xichangana, ou changana (11.4%) e em terceiro o elomwe, ou lomwe (7.9%). Uma baixa percentagem de pessoas têm o português como língua materna (6.5%), um pouco maior é a percentagem dos que usam o português para falar em casa (8.8%), número que, na cidade de Maputo, chega aos 25% , apesar de cerca de 40% dos moçambicanos terem declarado que a sabiam falar e em Maputo 87%. Todas as línguas regionais são de origem bantu. As principais são (geralemente não se usa o prefixo ci-, xi-, e- ou ki-): cicopi, cinyanja, cinyungwe, cisena, cisenga, cishona, ciyao, echuwabo, ekoti, elomwe, gitonga, maconde (ou shimakonde), kimwani, macua (ou emakhuwa), memane, suaíli (ou kiswahili), suazi (ou swazi), xichangana, xironga, xitswa e zulu. São também falados o urdu e o gujarati nas importantes comunidades asiáticas radicadas em Moçambique. As línguas destes grupos são mutuamente ininteligíveis, daí a importância política do português. Houve sempre muito poucos europeus, excepto de 1950 a 1974. Desde o século 18, encontravam-se goanenses e outros povos das Índias. O número de mestiços nunca ultrapassou algumas dezenas de milhares de pessoas. Antes de 1974, havia 200 000 europeus, 30 000 indianos, e alguns milhares de Asiáticos. Moçambique reafricanizou-se desde 1974. Ficaram 10 000 portugueses depois da independência.

Voir pour la composition ethnique de la population mozambicaine : http://www.joshuaproject.net/international/fr/countries.php?rog3=MZ

Et lire cet article sur les langues au Mozambique : http://etudesafricaines.revues.org/111

História e política

Os primeiros povos de Moçambique devem ter sido os Khoisan. O Zimbabwe é o império que vai do século 13 ao século 15 e que tinha uma parte comum com o territoório moçambicano atual. O Monomotapa é outro império cujo território coincide mais com o Moçambique atual. Havia, antes de chegada de europeus, um comércio árabe ativo na costa do Índico.

Em 1489, Pêro da Covilhã, procurando o Preste João, foi o primeiro português a pisar o chão moçambicano, e em 1498, Vasco da Gama ficou alguns dias também para reabastecer as naus. O tráfico de ouro, marfim, escravos, era o principal interesse do território, durante os primeiros séculos. Até 1752, a costa Moçambicana administrava-se a partir de Goa. Nos séculos 17 e 18, Portugal tinha instituido um sistema chamado de “prazos” : eram entregues a colonos brancos ou goeses (os “prazeiros”) extensas áreas sobre as quais detinham todos os poderes, et se tornavam fornecedores de escravos e de vários produtos.

A colonização
Depois da conferência de Berlim, extintos os prazos durante o século 19, houve três períodos de colonização : 1885- 1926, 1926-1960, 1960-1974. No primeiro período, companhias estrangeiras ditas monopolistas(de 1891 à 1929-1942), criadas durante o século 19, exploravam directamente os recursos moçambicanos (a companhia de Moçambique dispunha de 160 580 km², havia também a companhia do Niassa e a do Zambeze, como três maiores). As actividades das companhias monopolistas eram principalmente plantações de algodão, linhas de caminho de ferro e portos. A exportação de centenas de milhares de trabalhadores para a África do Sul era outra grande actividade das companhias. O sul do país funcionava como reserva de mão de obra para as minas do Transval, a província sul-africana vizinha. Através de contratos entre Portugal e a África do Sul, foi depois oficializada uma organização de recrutamento de mineiros, a Wenela. 60 % dos salários dos mineiros eram pagos em ouro directamente ao governo português (iam cerca de 80 000 trabalhadores por ano). Ler o poema Magaíça de Noémia de Sousa.

As grandes datas da história recente

  • Início da luta armada : 1964
  • Independência : 25 de Junho de 1975
  • Início da guerra civil : 1980
  • Acordos de Nhomati (ou Incomati) entre Samora Machel e Pieter Botha (RSA) : 1984 (resolvem os problemas da ajuda recríproca à ANC e à Renamo)
  • Fim da guerra civil : 1992
  • Primeiras eleições livres : 1994

Eduardo Mondlane

Herói nacional de Moçambique, morreu assassinado no 3 de Fevereiro de 1969 na explosão duma encomenda em Dar-es-Salam (Tanzânia). Não se soube se foi a Pide, a encomenda vinha da RFA. Eduardo Mondlane, filho de um chefe tradicional do Sul do país, chega à 4ª classe em 1936, raríssimo para um preto na época, e continua os estudos na RSA até 1948. Vai para Portugal onde encontra Agostinho Neto, Mario (Pinto) de Andrade, Amílcar Cabral, Marcelino dos Santos. Vai depois para os Estados Unidos. Tira um curso de sociologia e torna-se professor numa universidade americana. Criou a Frelimo.

A FRELIMO

A Frente de libertação de Moçambique, criada em 1962, tinha 250 homens armados, treinados na Argélia, quando começou a guerra anticolonial em 1964. Em 1967, chegava a 8000 guerilheiros. A guerra de libertação durou 10 anos (1964-1974), com episódios sangrentos (Wiriyamu, na região de Tete : aldeia cujos habitantes foram mortos à metralhadora em 1972 por soldados portugueses). Na altura da descolonização, colonos tentaram resistir ao vento da história (era o movimento “Fico” criado por portugueses. Seguiram-se massacres e êxodo. Por possível influência da África do Sul, diz-se que houve mais racismo em Moçambique do que nos outros Palops. Outro movimento, formados pelos dissidentes da Frelimo, o Coremo (Comité revolucionário moçambicano) nunca chegou a ter influência. Prolongou-se a guerra de libertação no afrontamento da Frelimo e da RENAMO (Resistência nacional moçambicana, antigo MNR, Mozambican Nacional Resistance) que recebeu a ajuda da então Rodésia e da África do Sul, e entra em guerrilha no território moçambicano a partir de 1980, ano em que a Rodésia deixa de existir e nasce o Zimbabwe.

Samora Machel

De 1969 a 1986, foi quase o único a dirigir a Frelimo. Nascido em 29 de Setembro de 1933, filho de um chefe tradicional da região de Gaza, forma-se como infermeiro, faz parte dos 250 homens treinados na Argélia, participa do início da luta armada. Morre a 19 de Outubro de 1986 num acidente dum Tupolev.

Joaquim Chissano

Nascido a 22 de Outubro de 1939, no poder desde 6 de Novembro de 1986 depois da morte de Samora Machel, e até Janeiro de 2005, era primeiro ministro do governo de transição em 1974. Fala francês, inglês, português e swahili, tão bem uma língua como outra, o que se tornou um vantagem diplomática. É filho de um agricultor de Gaza. Estudou direito em Poitiers depois dum a fuga de Portugal. É membro fundador da Frelimo.

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Armando Emílio Guebuza

É o atual presidente de Moçambique, desde 2005. Nascido em Murrupula, Nampula, 20 de Janeiro de 1943, junta-se à Frelimo em 1963, na então Lourenço Marques e abandona Moçambique em 1964 para estudar numa escola especial na Ucrânia, base de Perevalny. No Governo de Transição (1974-1975), Guebuza ocupa a pasta da Administração Interna, e no primeiro Governo do Moçambique independente a pasta de Ministro do Interior. Ocupou então vários importantes postos governamentais e em 1992 é nomeado chefe da delegação do governo na Comissão de Supervisão e Implementação do Acordo Geral de Paz para Moçambique.

Afonso Macacho Marceta Dlakhama

Afonso Macacho Marceta Dlakhama (pronuncia-se djacama) é o líder da RENAMO. Nascido a 1 de Janeiro de 1953, é o presidente da Renamo, o principal partido político da oposição em Moçambique. Dirigiu a guerrilha.

Economia

A maior parte da população se dedica à agricultura. As produções tradicionais são : o caju, o algodão, o tabaco, a cana de açúcar, o chá, a copra, o sisal, o milho, o arroz, a amendoim, o côco seco, a banana, a laranja, o mel,… os níveis de produção são fracos e irrregulares, devido às secas e às inundações. A criação de gado é dificultada pela mosca do sono. A pesca é pouco desenvolvida, excepto a dos camarões. A economia já tinha baixos níveis em 1974. A saída quase completa dos colonos de 74 a 77, que levaram muito material e sabotaram, mas sobtretudo deixaram a agricultara sem quadros, inclusive quadros moçambicanos que continuaram a deixar o país até 80.

A barragem de Cahora Bassa (ou Cabora Bassa)

Cahora Bassa é uma barragem gigante sobre o Zambeze, uma das maiores do mundo, acabada depois da independência. Fornece corrente eléctrica à RSA com uma linha de alta tensão de mais de 1000 km, capaz de produzir 2000 Megawatt. Valoriza a região do Zambeze : lago, irrigações. A produção fraca desde 1984 por causa de sabotagens, em 1988 fornecia 10 megawatt, em 1989 havia 1400 dos 3200 pilones destruídos.

Recursos naturais

Moçambique possui carvão, tântalo (primeiro lugar no mundo), titânio, mármore e gás natural. Principais Minérios: Carvão, Sal, Grafite, Bauxite, Ouro, Pedras preciosas e semipreciosas. A maioria das minas ainda não estão a serem exploradas.

Literatura e outras artes

O Brado Africano, em 1920, é uma revista literária considerada como as primeiras manifestações da literatura moçambicana. Rui de Noronha, Noémia de Sousa, Rui Knopfli, Rui Nogar, José Craveirinha, Virgílio de Lemos, são poetas, que, antes da independência, publicaram obras com carácter moçambicano (usa-se a palavra moçambicanidade). Acrescenta-se Kalungano, aliás Marcelino dos Santos, alto responsável político desde a fundação da Frelimo. Luís Bernardo Honwana, com o livro de contos Nós matamos o cão tinhoso, de 1964, aparece muito tempo como “o” prosodor moçambicano, apesar de um único livro. Mia Couto, Terra sonâmbula, Histórias abensonhadas, etc. Nasceu na Beira, Moçambique, em 1955. Foi director da Agência de Informação de Moçambique, da revista Tempo e do jornal Notícias de Maputo. Tornou-se um dos escritores mais conhecidos das literaturas de língua portuguesa. O seu trabalho de invenção sobre a língua permite-lhe obter uma grande expressividade, por meio da qual comunica aos leitores todo o drama da vida em Moçambique após a independência. Os seus livros estão traduzidos em francês, inglês, alemão, italiano e espanhol. (ouvir uma gravação de Mia Couto, encontro com Samora Machel, história do macaco e do peixe).

Outros escritores :

  • Suleiman Cassamo,
  • Ungulani Ba Ka Khosa,
  • Luís Carlos Patraquim,
  • Paulina Chiziane.

Música

  • A marrabenta
  • A timbila

Artes plásticas

  • O pintor Valente Malangatana

Referências e complementos