O início do cinema no Brasil (Alessandra/Elisângela/Julien)

A novidade cinematográfica chegou cedo ao Brasil. Apenas seis meses após a invenção do cinematógrafo na França, ocorrida em 1895, já eram feitas as primeiras projeções de filmes no Brasil. Poucos países no mundo demonstraram tanto interesse e tanta capacidade de assimilação da invenção dos irmãos Lumière. Os aparelhos de projeção exibidos ao público europeu e americano no inverno de 1895-1896 começaram a chegar ao Rio de Janeiro em meio desse último ano. Durante os dez primeiros anos, porém, o cinema teve pouca expressão. Só em 1907 houve no Rio energia elétrica produzida industrialmente, e então o comércio cinematográfico floresceu. Todas as filmagens brasileiras realizadas até 1907 abordavam assuntos naturais. A ficção cinematográfica só apareceu em 1908 e a primeira fita de ficção realizada no Brasil foi Os estranguladores, de Antônio Leal. Aproximadamente em 1925, dobra a média de produção anual e a qualidade dos filmes melhora sensivelmente. Em torno de 1930, nascem os clássicos do cinema mudo brasileiro. Porém, quando o nosso cinema mudo alcança relativa plenitude, o filme falado já está vitorioso em toda parte. A história do cinema falado brasileiro inicia-se durante as décadas de 1930 e 1940 e a produção se limita praticamente ao Rio de Janeiro, onde se criam estúdios mais ou menos aparelhados. O principal resultado dessa época foi a comédia popularesca, vulgar e freqüentemente musical, conhecida como chanchada. A produção de chanchadas lançou um conjunto de atores, como Mesquitinha, Oscarito e Grande Otelo, que foram os principais responsáveis pela aproximação do filme brasileiro com o público. A produção brasileira caiu a zero no início dos anos 90. Mas, a iniciativa do governo brasileiro de conceder benefícios fiscais para incentivar o cinema, levou-o a uma retomada significativa, a partir da qual o cinema no Brasil deu um salto de qualidade e quantidade e voltou a levar o público novamente às salas, bem como a ganhar inúmeros prêmios nacionais e internacionais. O Cinema Novo foi um movimento cultural que surgiu na segunda metade da década de 50 no Brasil. Surgiu questionando a companhia cinematográfica Vera Cruz e todo o cinema já feito no Brasil, passando a discutir a natureza do cinema brasileiro e os problemas do método. O Cinema Novo nasce ligado ao desenvolvimento industrial no Brasil, num momento de aceleração do desenvolvimento econômico. O Cinema Novo foi também fruto do desenvolvimento da ideologia nacionalista no Brasil e dos primeiros conceitos de subdesenvolvimento. Isso gerou uma contradição, porque o nacionalismo na década de 50 já não era uma realidade brasileira, pois o mercado brasileiro já se encontrava aberto ao mercado estrangeiro.

Em 1960, o cinema já tinha associado a idéia de uma cultura nacional. Havia a necessidade de realizá-lo no ponto de vista das massas populares. O Cinema Novo pode ser definido a priori como um movimento de juventude que misturou nacionalismo com internacionalismo, pois o Cinema Novo teve a intenção de mundializar esse processo, sendo significativo o prêmio dado a Barlavento de Glauber Rocha ao festival de Santa Marguerita Lingure. Esse filme lança internacionalmente o Cinema Novo.

Retrato nacional do cinema WALTER SALLES (Trecho retirado do site www.terra.com.br/istoe/cultura)

“O cinema brasileiro deve existir e é necessário para propiciar um reflexo de nós mesmos, para botar na tela o nosso rosto, para focar uma geografia física e humana que nos é específica e nos distingue. Para gerar uma memória daquilo que vivemos, daquilo que fomos, um registro dos nossos sonhos, dos nossos desejos e angústias. Daqui a algumas décadas, se um jovem brasileiro quiser entender o que foi o processo de migração interna no Brasil, terá a rica possibilidade de assistir a Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos. Se quiser entender o processo de corrupção gerado pela industrialização acelerada nos anos 50 e o esfacelamento das relações afetivas dela decorrente, terá que ver São Paulo S.A., de Luís Sérgio Person. Bye, bye Brasil, de Carlos Diegues, e Pixote, de Hector Babenco, lhe mostrarão muito mais o falso país do milagre nos anos 70 do que toda a produção televisiva da época. Terra em transe, de Glauber Rocha, lhe falará magistralmente do nosso caos político. E mesmo um filme não narrativo, de difícil decantação, como Limite, lhe dirá que somos capazes de criar poesia pura neste país. Porque o cinema é o retrato das nossas contradições, mas também das nossas possibilidades, da nossa capacidade inventiva.”