Angola na década de 80

Edito

Ao ler 1) a obra de Ondjaki, Os da minha rua, surgiu a ideia de conhecer melhor a época em que Ondjaki era criança, e a que precisamente o livro faz referência. O tema da publicação é portanto : os anos 1980 em Angola.

Produção cultural dos maiores autores Angolanos da década

Florian Serraille

1980

Mayombe, Pepetela

1982

A Renúncia Impossível, (edição póstuma) Agostinho Neto

O discurso no percurso africano, ANDRADE, Fernando Costa.

1985

O Cão e os Calús, Pepetela

Yaka, Pepetela

A Forja, Carmo Neto

Ritos de passagem, Tavares Ana Paula

1987

A Lenda do Chá, (poesia) Rui Augusto

1988

Meu Réu de colarinho branco, Carmo Neto

No caminho dolorosso das coisas, Feijóo J. A. S. Lopito

Referências :

Guerra Civil Angolana nos anos oitenta

Mylena

A guerra civil angolana foi a guerra mais longa que houve no continente Africano.

O confronto militar que ocorreu em Angola iniciou-se em 1975. Foi precedida pela Guerra de Independência. Este conflito começou quando Portugal, depois da Revolução dos cravos que sucedeu em 25 de abril de 1974, anunciou que tinha a ideia de deixar suas colónias da África. Então, aproveitando esta situação, os três principais intervenientes que lutaram juntos para a Independência de Angola, começaram a lutar contra eles mesmos para o controlo do pais, sobretudo para o controlo da capital: Luanda. Os principais protagonistas deste conflito eram o MPLA, a UNITA e o FNLA. O conflito passou a ser considerado como uma guerra civil quando em 11 de novembro de 1975 o MPLA declarou a independência de Angola a partir de Luanda e que a UNITA fez a mesma coisa a partir de Huambo. Para esta guerra, os diferentes movimentos políticos tiveram o apoio de países estrangeiros o que deu uma dimensão internacional ao conflito. O MPLA, movimento popular de libertação de Angola, tinha o apoio de Cuba e da União Soviética. A UNITA, união Nacional para a Independência Total de Angola, era apoiada principalmente pelos Estados Unidos, mas também pela Africa do Sul. O ultimo movimento politico, o FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola- tinha também o apoio dos Estados Unidos e da atual Republica Democratica do Congo, o que era antes o Zaire. Nesta guerra houve muitos conflitos entre os diversos protagonistas. Por exemplo em Agosto de 1981, houve a operação Smokeshell, na qual a África do Sul atacou o Sul de Angola para ajudar à UNITA. Em 1989, com a queda da ex-União Soviética, houve acordos de paz entre ambos partidos politicos mas isso durou pouco tempo. Para poder combater ao MPLA, a UNITA e o FNLA juntaram-se. Angola, durante a guerra civil, estava separada: duma parte tinhamos a região de Luanda, controlada pelo MPLA e numa outra parte tinhamos a parte controlada pela UNITA que era a região do Sul. Nesta guerra, desde o principio até a 2002, houve cerca de 500000 mortos. Muita gente exilou-se para fugir da guerra porque não havia segurança na Angola. A gente tinha medo de atravessar o pais por medo de encontrar-se com os militares.

Para concluir, podemos dizer que esta guerra foi destrutora a nível humano mas também a nível material e que, como na maioria dos casos, esta guerra rebentou por causa da sede de poder.

Referências:

Cronologia dos acontecimentos

Aude

Depois de quatro séculos de presença em território africano, no final do século XIX, Portugal achou-se no direito reivindicar a soberania do territórios de Angola. Então, em 11 de Novembro de 1975 o Movimento Popular para a Libertação de Angola ( MPLA) declarou a independência de Angola e nomeou Agostinho Neto como seu primeiro presidente em Luanda, capital da antiga colónia portuguesa.

Nos princípios dos anos 80, Angola foi marcada pela morte de Agostinho Neto que morreu de cancro em 1979 e que foi sucedido por José Eduardo dos Santos, um jovem engenheiro petrolífero que foi educado na URSS e também ministro de Planificação. Em mesmo tempo, o conflito das superpotências no Vietname terminaram e Angola transformou-se numa guerra indirecta entre os Estados Unidos e a União Soviética. Então podemos falar da primeira guerra angolana. Os aliados regionais dos EU continuavam dominar o Zaire e a África do Sul, enquanto que o Congo-Brazzaville alinhava com a União Soviética. Cuba prestou apoio militar e civil ao governo do MPLA e contribuiu significativamente para a reabilitação de sectores sociais como a saúde e a educação. Mas, os mortos e refugiado em Angola aumentaram, consecutivamente e os edifícios do pais foram destruídos. Aumentaram também os ataques de África do Sul, assim que em 1981 lançaram a ataque “ Smokershell” justificando-se dizendo que na região, estavam instaladas bases dos guerrilheiros da SWAPO, o movimento de libertação da Namíbia. Mas na realidade, estava uma acção política e militar de apoio à Unita contra o MPLA.

Em meados dos anos 80, ocorreu a segunda guerra causada pelo rendimento do óleo gerado em dólares pelas companhias americanas. Com efeito, pagavam as tropas militares cubanas pelo esse rendimento, que alimentou-se nas suas instalações no sul-africano. E em 1986-1987, as forças sul-africanas do E.U foram obrigadas pelo MPLA a recuar-se . Os sul-africanos admitiram que não existia solução militar para a segurança da sua fronteira norte e começaram a explorar alternativas políticas. Este conflito terminou em 1988, quando em Nova Iorque foi assinado um acordo tripartido (Angola, África do Sul e Cuba) que estabelecia a Independência da Namíbia e a retirada dos cubanos de Angola. A partir de 1989, com a queda do bloco da antiga União Soviética, sucederam-se em Angola os acordos de paz entre a UNITA e o MPLA, seguidos do recomeço das hostilidades. Em Junho de 1989, em Gbadolite (Zaire), a UNITA e o MPLA estabeleceram uma nova trégua. A paz apenas durou dois meses. Mas, de novo, em Maio de 1991 entre MPLA e UNITA, houve iniciativas de paz em acordo com Portugal, E.U e a União Soviética que acabaram com os “Acordos de Bicesse” e o MPLA anunciava a introdução de reformas democráticas no pais com a lei que autorizava a criação de novos partidos, o que pus o fim do monopartidarismo e um pouco mais tarde, os comunistas cubanos saíram do Pais.

Em fim, podemos resumir os acontecimentos dos anos 80, como anos de decadências, porque ao mesmo tempo a independência de Angola levou as guerras civis, e o inicio da ditadura do MPLA.

Referências:

  • Paulo Nganga, João, O pai do Nacionalismo Angolano. As memórias de Holden Roberto.Volume I, 1923-1974.
  • GONÇALVES, José,O descontínuo processo de desenvolvimento democrático em Angola, Centro de Estudos Africanos, Lisboa, 2003.

Economia

Felipe

A economia angolana da década de 80 deve ser a partir do contexto histórico de uma ex-colônia fornecedora de matéria-prima bruta e com uma industrialização e uma abertura para o mercado internacional muito incipiente, promovidas por Portugal na década de 60 como resposta às demandas independentistas que ganharam força a partir dos anos 50. Além disso, é preciso ter em conta a situação política pós-independência do país, dividido por uma guerra pelo poder entre grupos sectários, tal como explicado mais acima na seção “Guerra Civil Angolana nos anos oitenta”.

A polarização entre os diferentes grupos independentistas, com suas diferentes alianças internacionais, teve como efeito, após a independência angolana de 1975, a divisão do território em áreas controladas pelo MPLA ou pela UNITA, num fenômeno que José Gonçalves chamou de “sistema de dois partidos únicos” [2003; 24]. A violenta disputa de poder em Angola que se instaurou aí está na base da formação de um governo central bastante antidemocrático, que teve de destinar, no correr da década de 80, cerca de 50% de seu orçamento para que as Forças Armadas sufocassem os conflitos promovidos pela resistência de UNITA, que tinha a posse sobre as reservas de diamante do país, ou ainda pela resistência de outros grupos. Apesar do apoio logístico soviético e cubano ao MPLA, que impulsionou, neste período, a produção de petróleo, a preocupação bélica impedia o investimento de excedentes no desenvolvimento das demais áreas econômicas do país.

Além disso, a postura antidemocrática do MPLA burocratizou a produção econômica e sufocou a livre iniciativa. O Estado angolano concentrou, por meio da estatização do incipiente setor industrial, a atividade econômica pelo dirigismo do MPLA; mas a garantia financeira que a produção de petróleo dava à elite burocrático-militar, através da agência SONANGOL (Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola), foi gradativamente tornando Angola um país monoprodutor e novamente desindustrializado. Ou seja, o desenvolvimento angolano conduzido pelo MPLA era profundamente desigual, uma vez que as receitas eram praticamente monopolizadas pela nomenklatura petrolífera e os investimentos em grande parte eram focados no aparato militar. Assim, enquanto grande parte do país mergulhava na crise alimentar ou na guerra civil, o poder central foi contribuindo para a formação, em Luanda, de uma elite burocrático-militar que não investia em setores produtivos da economia. Não dirigindo o interesse a esses setores, Angola, de autossuficiente em produtos como peixe, óleo de palma e farinha de milho, passou a ser importador, o que agravou a crise alimentar iniciada em 1976 e a dependência angolana ao mercado internacional. Para acentuar esse panorama de importação de bens de consumo, a política de câmbio fixo sustentada pelo governo do MPLA para satisfazer a classe média burocrático-militar era outro fator que incentivava, nos hábitos de consumo dessa elite, a importação em detrimento da produção interna.

Com o correr dos anos, a frustração frente à manutenção de uma realidade de miséria e de desigualdade, mesmo depois do fim do período colonial, além da prorrogação da dependência sob uma nova forma, a da atividade econômica monoprodutora e importadora, fez crescer no seio da população angolana novos discursos que apelavam para a democratização real do governo nacional, discursos esses presentes inclusive dentro do próprio MPLA. O fim da década de oitenta foi marcado pela saída de Cuba e da URSS do país, além de esforços de conciliação entre as partes beligerantes no processo de independência. No entanto, estando o país atrasado em relação ao contexto mundial, sua paulatina abertura o foi submetendo a novos interesses do mercado internacional, sobretudo quanto à sua riqueza mineral, o que não reverteu a situação de dependência angolana, cuja economia ainda é de exportação e pouco diversificada e cuja população ainda possui cerca de 40% de pessoas abaixo da linha de pobreza.

Referências

  • GONÇALVES, José. O descontínuo processo de desenvolvimento democrático em Angola. Centro de Estudos Africanos, Lisboa: 2003.
  • SANTOS, Daniel dos. Economia, democracia e justiça em Angola: o efêmero e o permanente. Revista de Estudo Afro-Asiáticos, Ano 23, nº 1, 2001, pp. 99-133.
  • FERREIRA, M. E. La revonversion économique de la nomenklatura pétrolière. Disponível em: <www.politique-africaine.com/numeros/PDF/057011.pdf>. Acesso em nov 2011.

o MPLA: de A Neto a Zedu

Anne-Sophie

O MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola, teria sido criado em 1956, por António Agostinho Neto. Foi inicialmente criado para lutar contra a ocupação portuguesa na colónia angolana. Mas, ele toma uma orientação diferente em 1977, seguindo os valores marxista-leninista. Desde então toma o nome de MPLA-PT (Movimento Popular de Libertação de Angola – Partido do Trabalho). A inspiração Marxista-Leninista encontra-se na prática do poder baseado sobre a centralização do poder que é, como o nome indica, centrado entre as mãos do governo ; o segredo, isto é a corrupção do governo ; a repressão, o terror ou ainda a violência, que mostra que se trata de um governo forte.

Na realidade, portanto, encontramos uma sociedade regulada pelas regras citadas. Um governo cada vez mais corrupto controlado pelo partido do MPLA. As actividades estrangeiras eram restritas, isto é limitadas e controladas. O partido controlava também, através do Estado, os meios de comunicação social. Após uma tentativa falhada de golpe de estado, em 1977, o regime tornou-se ainda mais autoritário e repressivo. O impacto foi colossal no meio da população que passou a viver no medo, e na dominação total do partido.

António Agostinho Neto, que assumiu a presidência do país desde 1975, teve como sucessor, José Eduardo Dos Santos, que tomou o poder do partido em 1979. Na primeira década, Dos Santos, sendo um jovem presidente, não tinha logo o controlo do partido e a voz suficiente para seguir o governo repressivo de Agostinho Neto. No entanto, depressa tomou força e começou a usar os enormes recursos petrolíferos que Angola tinha, para ganhar poder e fortalecer o poder do MPLA na sociedade angolana.

Como disse, inicialmente criado para lutar contra a ocupação portuguesa na colónia angolana, o MPLA, tornou-se num partido único que, ainda hoje, se encontra no poder, e apesar de ter tomado medidas mais liberais, continua a ser um regime forte.

Referências :

As classes sociais na década

Sophie

A presença e o fim da presença dos cubanos.

Clarisse

A intervenção de Cuba em Angola começou a partir de 1960.

No ínicio da década de 1980, a presença militar cubana foi cada vez mais importante no país angolano. A partir de 1979 e 1989, a presença de Cuba no território angolano é devida à participação de seu exército –cerca de 50 000 cubanos – que se investiram na guerra em Angola e na Etiópia, após o estabelecimento a um Acordo entre Cuba e Angola. Encontramos-los durante um confronto militar da Guerra Civil Angolana: Batalha de Cuito Cuanavale. O partido de Cuba (Forças Armadas Revolucionárias) aliou-se ao partido de Angola (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola) contra o partido da África do sul. Esta batalha aconteceu 15 de novembro de 1987 e 23 de março de 1988. Depois a independência, os cubanos participaram da reconstrução de Angola, enviando diferentes trabalhadores como arquitetos, engenheiros, professores, médicos, funcionários civis e outros.

A retirada dos cubanos de Angola deu-se de fim dos conflitos políticos entre o movimento de Libertação da Namíbia e o da África do sul. Assim, em Nova Iorque, um acordo tripartido: Angola, África do sul e Cuba foi assinado e estabeleceu a independência da Namíbia.

Referências :

1)
No curso de literaturas africanas dos paises lusofonos, ano letivo 2011-2012, 2° semestre, turma de segundo ano de “Licence”, com JP Chavagne.

Discussion

Jean-Pierre Chavagne, 09/11/2011 15:47, 29/11/2011 21:47

on a relevé ça aujourd'hui :

  • O MPLA e a literatura
    • le MPLA
    • Agostinho Neto
    • Mario P. de Andrade
    • Mario Antonio F. De Oliveira
  • Alguma coisa que interliga os Palops
  • poesia
  • Contrato na literatura
  • Revistas
  • Censura
  • Cabinda
Jean-Pierre Chavagne, 09/11/2011 15:47, 09/11/2011 15:49

On fait (tous) une recherche documents pour la prochaine fois (le 16 novembre à 8 h) sur le thème de “a década de 80”.

Florian Serraille, 15/11/2011 23:37, 15/11/2011 23:40

Un lien concernant la production littéraire angolaise des années 80:

- http://www.embaixadadeangola.org/cultura/literatura/peregrin.html

Mais que définissons nous par production culturelle ?

Littérature ? Cinéma ? Beaux Arts ? Musique ? Sports ?

Jean-Pierre Chavagne, 22/11/2011 07:50

Pour la recherche de documentation, voici des sites utiles :

Jean-Pierre Chavagne, 23/11/2011 08:02

Lembro a ideia de base : *O contexto angolano na década de 1980

  • a guerra civil
  • a vida cotidiana
  • evoluçoes
  • classes sociais
  • produçao cultural da década
  • o MPLA: de A Neto a Zedu
  • partido unico
  • economia
dionizia nsimba, 30/11/2011 12:01

eu vou faser a vida cotidiana mais gostaria de ter algumas informaçoes sobre este sujeito:

eu posso dar o meo ponto de vista ou tenho que abordar en modo geral da vida cotidiana? commeço en 1980 até qui ano?

Jean-Pierre Chavagne, 07/12/2011 19:20, 07/12/2011 19:21

Podes dar o teu ponto de vista como testemunho se quiseres e se tiveres elementos suficientes para isso. Será necessário, mesmo assim, citar outra fonte para confirmar. As datas não são tão precisas, mas temos de considerar um período mais ou menos contemporâneo do livro Os da minha rua. Mas acho que a vida cotidiana é um excelente tema.

Jean-Pierre Chavagne, 23/11/2011 08:03, 23/11/2011 08:05

Alguém poderia fazer uma cronologia das obras literarias publicadas na década de 80 em Angola ou por angolanos (em Portugal, no Brasil).

Ou uma simples cronologia dos acontecimentos maiores da década em Angola ou para Angola.

Jean-Pierre Chavagne, 29/11/2011 21:46

Avez-vous lu l'article de Felipe ? Il faut lui faire vos remarques.

Jean-Pierre Chavagne, 30/11/2011 08:50, 30/11/2011 08:50

Outros temas possíveis :

  • a presença e o fim da presença dos cubanos em Angola
  • os “soviéticos”, os alemães da RDA
  • os grands acontecimentos do período em relação com o contexto angolano : o queda do muro de Berlim
Jean-Pierre Chavagne, 10/12/2011 21:19, 10/12/2011 21:20

Seria bom que todos deixassem os trabalhos visíveis…

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