O português angolano

~~SLIDESHOW~~

Segunda parte de O português africano

Córdoba, 23 de maio de 2011

Jean-Pierre Chavagne


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Exemplos

isto é, o kaluanda, o camundongo gosta do seu mufetinho.
A mulher adora sonhar como a criança gosta de baleizão.
Era mentira a banga que ele fazia.
Ainda não compreendi essa história do teu filho e da tua nora. Bazaram p'ra Tugulândia ou quê ?
Ela não se importava nada de lhes dar uma berrida!
Se deram bué de kumbu ao Beto Barbosa é porque a maka não é dinheiro.
Quis esquindar de caxexe, mas não deu.
O surgimento do kínguila é uma flagrante violação da constituição económica angolana


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Norma

  • A norma é a de Portugal
  • Todo angolano tem sotaque
  • A importância da realidade
  • As influências e divergências

Oficialmente, a norma do português falado e escrito em Angola, como nos outros Palops, é a de Portugal. Existem crónicas nos ornais para denunciar os erros dos compatriotas em função da norma portuguesa.

A não ser angolanaos que tenham vivido e tenham sido escvolarizado em Portugal ou em outra parte, todo angolano tem sotaque, mais ou menos forte, mas sotaquer angolano reconhecível dos outros angolanos sobretudo.

Como a realidade angolana é diferente de qualquer outra realidade lusófona (o ecosistema), a maneira de falar desta realidade é diferente: o vocabulário, as conotações, etc.

Os falantes do português e os antepassados deles eram simultaneamente locutotres de outras línguas. Além disso, o português importado foi importado em várias épocas e nem sempre se mostrou exportável. certos sons não sobreviveram à exportação : o schwa e o [α].

Fonética

  • outras soluções para o [ə] e o [α]
  • vogais semi-fechadas o semi-abertas
  • menor realização do oposição r / R
  • confusão r/l/d
  • instabilidade

A pronúncia de “mas” varia entre mês e mas.

A bola, a cabeça, etc.

“Que” pode ser [ke] como [ki].

liamba, diamba, riamba

guera em vez de guerra, etc.

Fonologia

  • Criação de novos fonemas ?
    • Boa / mboa
    • mbila, mbilau, mbora, mbolo, mbanza, mbunda
    • Nomes próprios : Ndalatando, Mbanza Kongo, Ngunza, Ngamba, Mbinda, Nzinga, Nzau
  • O vocativo [ε:]

A prénasalização mostrou-se criativa.

Manhééé ! Manuelééééé ! (fonologia e morfologia)

Léxico

Aiué (interjeição) - a maka (a discussão) - o musseque (o bairro periférico) - o kimbo (a aldeia) o kumbu (o dinheiro) - o monandengue (a criança) - o maximbombo (o aurocarro) - o kandando (o abraço) - o muxoxo (chio de boca) - o trumuno (o futebol) - a kitanda (a loja) - a kitandeira (a comerciante) - o kamba (o amigo) - um coche (um pouco) - kambuta (baixo) - bué (muito) o cacimbo (o « inverno ») - o kota (pessoa com certa idade) - pancar (comer) - tundar (expulsar) - bazar (partir) topiar (fazer pouco) - bumbar (trabalhar) - desbundar (fazer festa) - a bérrida (corrida) - o cubico (casa) - jingonçar (agitar-se) - desconseguir (não conseguir apesar de muitos esforços


Morfologia

  • –ééé
    • monangambé
    • Manhé !
  • ka-
    • capequeno
    • cabocado
  • ki-
    • kivéia

Sintaxe

  • nem está brincando, nem está a brincar, > está brincar.
  • em / a : vou no mercado, vai na cidade, foi na escola, chegou em casa.
  • pronome : Me ajuda; Como sentiu-se ; a mulher que sorria-lhe ; não deixava-lhe
  • ele acusativo: nem lembro ele.
  • lhe pronome directo : comeu-lhes ; não lhe conheço.
  • formas pronominais : T’alegra-se ! ; Vou-se dar uma de praia.
  • forma passiva : “ O João lhe bateram na mãe dele. ”
  • Queda do « -s » do plural  : os tambor ; os pai ; as casa.
  • fraseologia típica : (só, ainda, mbora, então, que) Me dá só um garfo ; me deixa inda ver só quanto é ; Diz só! Fal’então! ; ngarina está mbora calada, ninguém que sabia.

Quase todas as particularidades sintáticas fazem lembrar o português caipira. Ou ainda o português uruguaio.

O kimbundu

  • língua de maior interação com o português
    • no tempo
    • no espaço
  • em vias de extinção
  • bantu

Canção angolana

Mon'etu ua kasule
A mu tumisa ku São Tomé
Kexiriê ni madukumentu
Aiué!

Mon'etu uaririle
Mama uasalukile
Aiué!
A mu tumisa ku São Tomé

Mario Pinto de Andrade

Ouvir por Rui Mingas


Nosso filho caçula
Mandaram-no p'ra SãoTomé
Não tinha documentos
Aiué!

Nosso filho chorou
Mamã enlouqueceu
Aiué!
Mandaram-no p'ra SãoTomé

Este texto (de Mário Pinto de Andrade) é o texto em kimbuindu que conheceu a maior difusão.

Verbo kimbundu

kuzuelafalar
eme ngizuelafalo
eie uzuelafalas
mwene uzuelafala
etu tuzuelafalamos
enu nuzuelafalais
ene azuelafalam

Classes

classeprefixe do singularprefixe do pluralsingularpluralsentido
Imuamutuatupersonne
IImumimituemituetête
IIIkiikimaimachose
IVdimaditadimatadipierre
Vumauuandamauandafilet
VIlumalulumbumalumbumur
VIItumatutubiamatubiafeu
VIIIkumakukudiamakudianourriture
IX(i)jimbudijimbudibrebis
Xkatukafungatufungaberger

Empréstimos ao português

  • Maculusso
  • jingeleja
  • dotolo
  • mbolo
  • pala

José Leite de Vasconcellos tinha resumido o fenómeno do empréstimo ao português pelo kimbundu na sua « Esquisse » : « Dans l’intérêt de la glottologie générale, j’indique ici quelques-unes des lois auxquelles obéissent les vocables portugais introduits dans le quimbundo : c- quelquefois est devenu h, ex. hâla=cal, háma=cama, héju=queijo, mais quelquefois il reste, ex. câla=cada ; au port. –ão correspond –á dans andá (pop. Antão), besá=benção, feijá=feijão ; b-, d-, g-, j- se nasalisent, ce qu’on indique dans l’écriture en plaçant un m ou n devant ces consonnes, ex. mbasá=bastão, ndó=dom, ngácu=gago, njanéna=janela, r peut devenir l, ex. rimá=limão. (…) il arrive que dans le mot machado, « hache », qui, selon les lois phonétiques, est devenu maxâlu, [ils] voient un pluriel forma à l’aide du préfixe ma-, et ils lui donnent un singulier ri-xâlu. » Esquisse p.158-159

Empréstimos ao kimbundu

caçula, cafuné, canjica, mucama, cambada, carimbo, camundongo, marimbondo, moleque, bunda, samba, xingar, muamba, umbanda, minhoca,…

Le kimbundu sur la Toile

Bibliografia

  • BONVINI, Emilio, Línguas africanas e português falado no Brasil. In: FIORIN, J.L. e PETTER, M. (orgs.) África no Brasil: a formação da língua portuguesa, São Paulo, Contexto, 2008.
  • FERNANDES DE OLIVEIRA Mário António, Reler África, Coimbra, Instituto de Antropologia da Universidade de Coimbra, 1990, 554 p.
  • LABAN, Michel, L'oeuvre littéraire de Luandino Vieira, Université de Paris-Sorbonne, 1979, 427 p., non publiée, Thèse de doctorat 3ème cycle dirigée par Paul Teyssier.
  • LABAN, Michel, Luandino, Edições 70, Lisboa, 1980.
  • LEITE DE VASCONCELLOS José, Esquisse d'une dialectologie portugaise, Lisboa, Instituto Nacional de Investigação Cientifica, 1987.