Fiche RES A Intercompreensão em contextos de formação: um estudo sobre as concepções de futuros professores de línguas.

Dados da publicação

Autor(es)

PINHO, Ana Sofia & ANDRADE, Ana Isabel

Título

A Intercompreensão em contextos de formação: um estudo sobre as concepções de futuros professores de línguas.

Ano de publicação

2004

Língua (de publicação)

Português

Tipo de publicação

Actas de Congressos, Colóquios

Localização (URL)

Não disponível

Conceitos ou termos chave

  • conhecimento didáctico
  • conhecimento profissional
  • didáctica da intercompreensão
  • identidade
  • intercompreensão

Público-alvo

  • Professores de lenguas
  • Investigadores
  • Formadores

Contexto de produção / Número do projecto

Aurora Marco et al. (eds.). Actas del VII Congreso Internacional de la SEDLL (Sociedad Española de Didáctica de la Lengua y la Literatura), Tomo II. A Coruña: Diputación Provincial de A Coruña, 297-307

Data de introdução na base de dados

30.03.2010

Autor da ficha

Universidade de Aveiro (Ana Sofia Pinho)

Ficha de leitura

Objecto do estudo / enfoque das actividades

  • Representações
  • Sujeito em formação

Finalidades do estudo / Material

• Reflectir sobre a noção de intercompreensão como um conceito didáctico fundamental para a construção de conhecimento profissional de futuros professores de línguas;

• Compreender as concepções de futuros professores de línguas sobre intercompreensão;

• Analisar a disponibilidade de futuros professores para trabalhar didacticamente a intercompreensão e a capacidade que revelam de construir actividades didácticas capazes de a actualizar em contextos educativos reais.

Marco teórico / enquadramento do material

  • Didáctica de línguas
  • Políticas linguísticas

Autores de referência

• Andrade & Araújo e Sá (2001)

• Andrade & Moreira et al. (2001)

• Andrade (1997)

• Nóvoa (1992)

Tipo

Metodologia Qualitativa

Procedimentos metodológicos

  • Entrevistas
  • Outros procedimentos (identificar)

If other, please describe

Dários de Bordo

Modo de trabalho

Individual

Níveis de acção didáctica

Reflexão

Línguas-alvo / estudadas

  • ‭English (American)
  • ‭English (British)
  • Português

Resumo do artigo ou do material

 Enquadramento teórico

- Responsabilidades complexas da profissão professor de línguas face aos desafios de uma educação plurilingue e de uma identidade europeia, traduzida no trabalho com o repertório linguístico-comunicativo dos sujeitos na sua globalidade e o desenvolvimento de competências linguísticas que são transversais e não específicas de línguas compartimentadas ou justapostas.

- Esta mudança de paradigma de ensino/aprendizagem das línguas traz implicações para o trabalho “que os professores de línguas devem desenvolver, tendo que reformular, adaptar, co-construir as suas práticas de ensino, o que equivale a dizer as suas práticas de comunicação. No quadro da formação de professores, importa, deste modo, reformular concepções do que é ensinar e aprender línguas, de como os professores encaram essa actividade e como se sentem a fazê-lo, rever e reconstruir posturas e saberes comunicativos, que situem os professores quer como sujeitos falantes de uma sociedade diversificada linguística e culturalmente, quer como profissionais que “comunicam” com e sobre as línguas, para uma valorização de cada vez mais línguas” (p.297-298);

- “é indispensável consciencializar os professores das suas capacidades didácticas e de comunicação num processo de valorização do histórico comunicativo-didáctico de cada professor de línguas” (p.298);

- “os ambientes e contextos comunicativos que o professor de línguas cria ou promove dependem da sua Competência de Comunicação, que se revela, renova/actualiza na e com a acção, numa dimensão pessoal que caracteriza todo o ensino.” (p.299);

- “A Intercompreensão “poderá levar os professores em formação a serem capazes de dar resposta a uma série de desafios colocados no âmbito da educação em línguas” (Andrade & Moreira et al, no prelo), podendo ser entendida como uma competência mediadora entre os vários saberes linguísticos, determinante, deste modo, para o desenvolvimento de uma competência de comunicação global.” (p.299);

- A intercompreensão compreende duas dimensões: técnica (desenvolvimento de competências concretas para lidar com a especificidade da linguagem verbal; capacidade de tornar transparentes e de dar sentido a novos dados verbais) e político-social (acção mais participada e mais respeitadora das individualidades linguístico-comunicativas dos sujeitos; disponibilidade para entrar em interacção e compreender o diverso linguístico e cultural).

- Entende-se que o professor de línguas é um gestor linguístico e um construtor curricular mais capaz de integrar e trabalhar várias línguas no ensino de uma língua específica, pelo recurso a estratégias de mobilização dos seus repertórios linguístico-comunicativos e de aprendizagem e dos seus alunos (p.300).

- “ao nível da formação do futuro professor de línguas, importa partir da competência do professor enquanto sujeito falante, pois o trabalho com a Competência de Intercompreensão partirá sempre daquilo que ele sentir que é capaz de fazer e do significado e da importância que este lhe atribuir no processo de ensino-aprendizagem das línguas em geral.” (p.300);

O estudo empírico investiga a evolução do conhecimento teórico (conceptual) e prático que 8 futuras professoras (estudo de caso múltiplo - 4 de Português-Francês e 4 de Português-Inglês, em situação de Estágio Pedagógico), com base nas reflexões presentes nos seus Diários de Aprendizagem e numa Entrevista semi-estruturada.

 Resultados

O conhecimento conceptual das futuras professoras sobre intercompreensão organiza-se em três dimensões:

• disponibilidade para entrar em interacção e compreender o diverso linguístico e cultural

Duas professoras-estagiárias (A e C) tendem a entender a intercompreensão como uma disponibilidade e vontade para comunicar e entender o desconhecido, aliada a uma curiosidade pelo outro, pelas línguas e culturas, relacionando-a com uma predisposição e capacidade de abertura.

A intercompreensão é encarada como algo global, que ultrapassa a sala de aula, uma postura relacionada com questões de entendimento entre povos de línguas e culturas diferentes e possibilitadora de um entendimento mútuo.

Compreendem o trabalho do professor numa perspectiva político-social, na medida em que se vêem como actores sociais e associam a intercompreensão a objectivos formativos do ensino das línguas. (p.302-303)

As restantes professoras situam a IC numa perspectiva mais técnica do tratamento da linguagem verbal.

• capacidade de tornar transparentes e de dar sentido a novos dados verbais

Associam a IC a uma capacidade de compreensão do funcionamento da linguagem, possibilitando ultrapassar barreiras e obstáculos de compreensão linguística em situação de comunicação (e de aprendizagem de línguas), pela mobilização de saberes verbais que permitem descodificar novos dados e atribuir-lhes significado.

Ligam a IC ao repertório linguístico-comunicativo dos sujeitos e ao conhecimento prévio que o sujeito é capaz de mobilizar para compreender uma determinada língua. Consideram que a IC envolve uma capacidade de relacionar nova informação através de estratégias que auxiliam a compreensão e permitem ultrapassar fronteiras linguísticas, bem como processos de transferência, comparação, dedução, indução, …, que tornam singularidades verbais mais próximas e compreensíveis. Reconhecem a importância da LM. (p.303-304);

• elasticidade ou flexibilidade linguístico-comunicativa e cognitiva

Embora as professoras-estagiárias, ao falarem de processo de transferência ou de comparação linguística, denotem compreender a existência de uma dinâmica mental que permite a compreensão de uma outra língua (desconhecida ou não), este aspecto aparece implícito no seu discurso e ainda não é considerado um “instrumento” de trabalho a valorizar didacticamente. (p.305);

As futuras professoras mostram disponibilidade para trabalhar a IC em sala de aula, mas manifestam desconhecer como desenvolver um trabalho didáctico efectivo em sala de aula. Demonstraram interesse em aprofundar o seu conhecimento teórico e prático sobre a temática, manifestado na consciência que este ainda é muito limitado. (p.306).

 Implicações

- o trabalho de formação terá que se focalizar obrigatoriamente sobre a temática da IC, desenvolvendo um trabalho mais articulado com a Prática Pedagógica, isto é, apoiando a construção de um conhecimento mais contextualizado e estratégico sobre a IC. (p.306)